Portadores de deficiência no foco da indústria

Portadores de deficiência podem contar com mais um aliado para facilitar sua vida. Cada vez mais, empresas investem na adaptação e criação de ferramentas que permitem aos portadores de necessidades especiais realizar atividades ocupacionais com prazer e sem dificuldades. As novidades vão de jogos de xadrez e baralho para deficientes visuais até o acesso a locais públicos como shopping centers para pessoas portadoras de deficiência física.

A empresa CMDV – Comércio de Materiais para Deficientes Visuais – foi a precursora do segmento. Inaugurada em 1989, a empresa começou a produzir bengalas, calculadoras e relógios com voz. Materiais que ajudavam no dia-a-dia de pessoas portadoras de necessidades especiais e eram novidade para o brasileiro que ainda convivia com a falta de materiais para educação e reabilitação.

Hoje, a CMDV desenvolve projetos e faz adaptações especiais que atendem às exigências de cada cliente. Dentre as atividades da empresa, está a distribuição de produtos por todo o País; ela tem como principais clientes escolas, associações e secretarias de educação.

Eduardo Teixeira de Jesus, proprietário da Sole – Soluções para Deficiência, também trabalha com novidades. A empresa, voltada para portadores de deficiência física, oferece produtos e serviços especiais para área de reabilitação. São aparelhos ortopédicos, cadeiras de rodas especiais ou mesmo terapias que suprem limitações e garantem a qualidade de vida dos usuários.

"Estamos nos dedicando agora à área de acessibilidade, ou seja, adaptações corretas dos ambientes internos das edificações que proporcionem aos usuários o máximo de independência". Jesus defende que fazer uma adaptação dos ambientes já utilizados como residência, local de trabalho, comércio e áreas de lazer garante a liberdade e o direito de ir e vir dos cadeirantes.

Para facilitar o relacionamento do casal

Mas nem só de materiais educativos vivem as vendas de empresas especializadas em artigos para deficientes. Um dos itens mais procurados na CDMV é o baralho erótico. A proprietária da empresa, Ruth Maciel, explica que o objetivo do jogo é quebrar a timidez ou a rotina sexual e facilitar o relacionamento do casal com limitações físicas. "O jogo não contém figuras ou intenções obscenas. A idéia é permitir ao deficiente que ele sinta-se em um ambiente natural, afinal de contas, eles também querem namorar e ser amados", afirma.

Segundo Ruth, a criação de produtos especiais para portadores de necessidades tem papel fundamental no processo de inclusão social. "Isso possibilita maior acesso dos deficientes à sociedade e contribui para a independência e igualdade social", afirma.

Xadrez para cegos

A designer maranhense Shalene Serra também se dedicou a um projeto de inclusão. Em 2002, ela produziu um tabuleiro de xadrez inclusivo para portadores de deficiência visual. Shalene, que desde 1999 trabalha no meio, queria criar um jogo que atendesse o portador de necessidade especial, trabalhando assim com responsabilidade social e incluindo cada vez mais o portador de deficiência visual na sociedade.

O tabuleiro é imantado, ou seja, sua superfície é toda de imã, de forma que as adaptações não são percebidas de imediato por quem não tem problema de visão. Assim, o jogo ganha uma característica integrante, em que todos jogam. "Meu objetivo era criar um jogo que não tivesse um caráter rotulatório, que não excluísse nem os portadores de deficiência visual nem as pessoas de visão normal", disse Shalene.

Como os portadores de deficiência visual precisam de recursos diferenciados para sua aprendizagem, Shalene trabalhou com diferentes texturas, relevo e linguagem Braille. O tabuleiro em ímã permite fixação das peças e agilidade em seus movimentos. As casas pretas e brancas foram diferenciadas por relevo. As brancas são mais baixas e as pretas mais altas, e as peças do jogo diferem na textura.

O único problema do jogo de xadrez criado por Shalene é que ele não possui fabricantes. Foi divulgado no Instituto Benjamin Constant – maior Centro de Deficiência Visual da América Latina -, na Feira do Empreendedor do Sebrae no Maranhão, jornais locais e campeonatos de xadrez, mas não encontrou uma empresa que o fabrique. O projeto está em fase de expansão e busca  parceiros para difundi-lo.

Voltar ao topo