Popularização faz Bovespa crescer

Rio (AG) – O presidente da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Raymundo Magliano Filho, está rindo à toa. Desde que assumiu o comando da bolsa, há quatro anos, levantando a bandeira da popularização do mercado, o pregão cresceu e apareceu, com a entrada em peso dos investidores pessoa física e o renascimento dos lançamentos de novas ações – este ano, serão oito novas empresas na bolsa (o que não ocorria há oito anos).

O Rio, conta Magliano, é o estado que mais cresce em participação de pequenos investidores: “Nada mais natural, afinal, a bolsa nasceu aqui e há muita cultura de mercado de capitais entre os cariocas”, disse ele.

Magliano esteve na cidade para avançar um pouco mais no trabalho de democratização do mercado: foi à sede da Souza Cruz falar a um grupo de cerca de cem funcionários sobre a importância e o funcionamento do mercado de ações. Na platéia, muitos sabiam o que era home broker (sistema de negociação eletrônica da bolsa) e outros tantos, como funcionava um clube de investimento (espécie de condomínio em que vários participantes investem em bolsa a um custo mais baixo) – algo impensável há dois anos.

“O mercado está crescendo com o investidor pessoa física. Um exemplo disso é que, em 2002, o percentual desses investidores era de 22%. Dois anos depois, gira em torno de 30%. Isso é bom, pois esse investidor torna o mercado menos vulnerável”, explicou.

Para ele, a participação de pequenos investidores pode atingir 35% nos próximos anos – segundo Magliano, mesmo percentual que pessoa física tem em bolsa nos EUA. Se depender do ritmo de criação de novos clubes de investimento, é nessa direção que o mercado caminha. Magliano conta que são criados dois novos clubes por dia e, em dois anos, o número mais que dobrou: saltou dos 435 clubes de setembro de 2002 para 951 em outubro. A meta é chegar a mil em dezembro.

Se no primeiro ano o grande projeto foi atrair investidores pessoa física, para este ano, o trabalho foi atrair novas empresas – esta semana, a Grendene lançou suas ações no mercado. Para o primeiro semestre de 2005 são dois grandes projetos: a integração dos mercados latino-americanos e a criação de um mercado de acesso para pequenas empresas.

“A bolsa já apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o modelo de integração. Vamos começar pelo México. A idéia seria permitir que investidores de países como Peru e México possam aplicar, via corretoras locais, em ações brasileiras, o que fortaleceria todos os mercados. E os brasileiros também poderiam investir nesses países”, explica o presidente da Bovespa.

Na semana que vem, Magliano vai conversar com o presidente da bolsa mexicana, Guillermo Prieto, sobre o projeto. Ele conta que o Peru fez grandes mudanças na legislação de fundos de pensão: há hoje gordos recursos para aplicação em bolsa, mas não há onde investir: “O dinheiro poderia vir para as empresas brasileiras. É enorme o potencial”.

Em 2005 também será criado o chamado Mercado de Acesso, segmento voltado para que pequenas empresas possam chegar gradualmente à bolsa. A governança corporativa – nome pomposo que significa mais respeito ao minoritário – será chave para que as companhias possam fazer parte do segmento. Segundo fontes da bolsa, já há seis empresas na fila.

“Vamos ajudá-las a ganhar visibilidade e a estruturar seus departamentos de relações com investidores. Queremos que o investidor identifique claramente empresas de menor porte que, além de manter com ele excelente relacionamento, também estarão empenhadas em crescer no mercado.”

Tantos projetos têm dado frutos, rompendo as fronteiras do pregão paulista. Nos próximos dias, nasce mais um clube de investimentos, com cerca de 200 participantes. Desta vez, em plena floresta amazônica, em Carajás. “Os clubes são uma ótima porta de entrada na bolsa. A meta é fazer a bolsa crescer junto com o Brasil”.

Voltar ao topo