Política econômica mostra resultados

Brasília

  – A resposta da economia nos primeiros cem dias do governo Luiz Inácio Lula da Silva ao que a equipe econômica chamou diversas vezes de “remédio amargo” acabou se mostrando melhor do que o esperado. A equipe econômica se empenha para manter o controle das contas públicas e da inflação, criando as bases para finalmente conseguir pôr em prática o Plano U (de único), que prevê crescimento com distribuição de renda, diz o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.

? Estamos criando condições, pela primeira vez na História recente do Brasil, para termos uma política de crescimento e macroeconômica calibradas ? afirma Appy.

Mesmo contrariando a ala mais radical do PT, em pouco mais de três meses a equipe econômica aumentou a taxa de juros básica da economia de 25% ao ano para 26,5% e, depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciou o viés de alta, ou seja, o aviso de que podem voltar a elevar os juros a qualquer momento.

Também subiu a meta de superávit primário de 3,75% para 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB), que é soma de todas as riquezas produzidas no país, exigindo um aperto de nada menos que R$ 68 bilhões nas contas públicas este ano.

No mesmo período, o ministro Antônio Palocci reiterou mais de uma vez o compromisso com o ajuste fiscal e a meta de inflação que, mesmo tendo passado de 6% para 8,5%, continua existindo.

As equipes do Ministério da Fazenda e do Banco Central, presidido por Henrique Meirelles, diminuíram a quantidade de dinheiro que circula na economia com o aumento dos depósitos das instituições financeiras no BC, o que faz o custo dos empréstimos ficarem ainda mais caros. Com menos dinheiro para emprestar, os bancos cobram mais de seus clientes.

Enquanto os efeitos não vinham, os técnicos passavam seus dias explicando a necessidade de diminuir a febre do paciente para depois curar a doença, como disse o presidente Lula. Aos poucos, os indicadores econômicos começaram a dar sinais de recuperação.

? Cabe ao governo mostrar tranqüilidade e capacidade para navegar em águas turbulentas. Se observarmos o que vem acontecendo, veremos que a confiança está sendo restabelecida. O Brasil no cenário de guerra é um dos poucos países que têm apresentado melhoras ? diz o secretário de Comunicação do governo, Luiz Gushiken.

O risco-Brasil, que chegou a bater 2.450 pontos em setembro do ano passado e estava em mais de 1.700 pontos no início do governo, voltou a ficar abaixo dos mil. O dólar, que não dava trégua à dívida pública, corrigida pela moeda americana, recuou de R$ 3,70 para R$ 3,223 na sexta-feira. Depois de crescer R$ 21 bilhões em janeiro e fevereiro, estima-se uma queda de R$ 11,8 bilhões na dívida pública em março, por causa da baixa do dólar.

As contas públicas também estão indo bem e batendo recordes.? O Ibope mostra que a população tem mantido a confiança no governo. Um dos pontos importantes para isso é o fato de o governo estar dialogando com o Congresso e enviando os textos das reformas da Previdência e tributária ? disse o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega.

Na semana passada, o governo deu prova de força no Congresso ao conseguir aprovar a emenda constitucional que permite a regulamentação fatiada, por leis complementares, das regras do sistema financeiro nacional do capítulo 192 da Constituição. Mais um sinal positivo para a economia.

? A votação agregou mais confiança ao mercado ? diz Gushiken.

A inflação ainda é uma preocupação do governo, mas ela também parece estar perdendo o fôlego.

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