Perda com greve em portos foi de US$ 116 milhões em 2006

As empresas exportadoras perderam aproximadamente US$ 116,3 milhões no ano passado em decorrência das greves nos portos brasileiros. Segundo o levantamento Diagnóstico dos Portos Brasileiros, elaborado pelo Centro de Estudos em Logística (CEL) da Coppead/UFRJ, em 2006, os fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Receita Federal, agropecuários, agentes do fundo de Marinha Mercante e caminhoneiros avulsos paralisaram suas atividades em níveis nacional ou regional por 156 dias.

O coordenador do CEL, Paulo Fleury, afirmou à Agência Estado que as greves provocam principalmente a perda da confiança dos importadores com o cumprimento dos prazos de entrega dos produtos. "Essas greves afetam a imagem do Brasil como exportador. Um País que vende, mas não consegue embarcar", argumentou, acrescentando que algumas empresas acabam buscando outras alternativas de embarque nos momentos de paralisação "para honrarem seus compromissos e não perderem os cliente, mesmo que isso provoque aumente do custo da exportação".

Além disso, Fleury ressaltou que as greves provocam a ampliação dos estoques das empresas, já que não conseguem escoar as mercadorias, o que resulta na redução da produção. "Parando a produção, podem ocorrer demissões", sublinha.

Segundo ele, o problema das paralisações é agravado ainda mais com a ineficiência burocrática, que reduz a competitividade da infra-estrutura portuária brasileira. "A solução seria um choque de gestão na administração dos portos brasileiros. As greves ocorrem pela má vontade dos gestores, em grande parte funcionários públicos, que não têm interesse em negociar com os grevistas. Falta competência na negociação", afirma.

Perdas

Se for levado em consideração apenas os 66 dias parados pelos fiscais da Receita Federal, em 2006, as perdas atingem US$ 88 milhões. O cálculo das perdas dos exportadores com as greves foi realizado com base nas exportações médias diárias do ano passado subtraídos os dias parados. O resultado levou em consideração ainda a taxa média de aderência dos fiscais portuários, que foi de 30%, e excluídas as vendas pelos canais laranja e vermelho (sem fiscalizações), que foram de aproximadamente 12%.

O estudo também levou em consideração o custo de oportunidade, que é a rentabilidade que os recursos investidos nas mercadorias paradas poderiam render no mercado financeiro, que teria um retorno de 13%. Em 2006, o modal aquaviário representou 82,77% do total exportado em valor e 95,78% em volume. Cerca de 68% do movimento dos portos é voltado para as exportações. "Nos últimos cinco anos a representatividade da importação vem diminuindo. Isso demonstra a vocação exportadora do Brasil", explica.

No ano passado, os fiscais da Anvisa pararam por 71 dias, os da Receita Federal por 66 dias, os do Ibama por 29 dias, os fiscais agropecuários por 18 dias e os agentes do fundo de Marinha Mercante por 16 dias. Em 102 dias do ano passado pelo menos uma categoria encontrava-se em greve. Já em 35 dias, pelo menos duas entidades paralisaram suas atividades.

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