Paraná recupera liderança na produção brasileira de grãos

O Paraná reduziu a área plantada no ano passado na comparação com 2005. Foram 9,2 milhões de hectares cultivados em 2006 – entre culturas permanentes e temporárias – contra 9,5 milhões no ano anterior. Com área menor, o Estado perdeu participação no valor da produção agrícola nacional, de 12,1% para 11,9%. Por outro lado, o Paraná voltou a liderar o ranking na produção de grãos (cereais, leguminosas e oleaginosas), encerrando 2006 com participação de 19,8%. Em 2005, o Estado havia ficado na segunda posição, com 19,6% de participação, atrás de Mato Grosso (22,4%). Os dados fazem parte da pesquisa Produção Agrícola Municipal 2006, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso de cereais, leguminosas e oleaginosas – principal grupo agrícola do Estado -, o Paraná aumentou a produção de 21,8 milhões de toneladas para 23,3 milhões, apesar da redução de quase 11% na área cultivada – era de 9,3 milhões de hectares em 2005, e passou para 8,3 milhões no ano passado. Em nível nacional, a área cultivada com esses produtos diminuiu 5,2%, o que correspondeu a 2,5 milhões de hectares a menos. ?Como os preços não estavam bons, os agricultores plantaram menos. Geralmente, ocorre substituição por outras lavouras quando o preço está baixo?, explicou Maria de Fátima dos Santos, gerente da pesquisa do IBGE.

Foi o que aconteceu com o trigo. Com as dificuldades enfrentadas nas últimas safras -estiagem e baixos preços obtidos na comercialização -, a área plantada diminuiu 25,1% no ano passado. A baixa cotação do dólar em relação ao real, que favorece as importações, também desestimulou os produtores. Para piorar, as fortes geadas comprometeram a produção.

Com isso, a produção brasileira de trigo – que se concentra no Paraná (50,2%) e no Rio Grande do Sul (33,4%) – caiu 47% no ano passado, totalizando 2,4 milhões de toneladas, a menor produção dos últimos cinco anos. No caso do Paraná, a produção de 1,2 milhão de toneladas foi 55,3% menor do que a de 2005 e o valor da produção ficou em R$ 522 mi-lhões. Os municípos com maior produção de trigo no Paraná em 2006 foram Assis Chateaubriand, Tibagi e Mamborê.

No caso da soja, a área cultivada também diminuiu no ano passado – redução de 5,7% em nível nacional. Apesar disso, o País bateu novo recorde de produção: 52,4 milhões de toneladas colhidas, resultado da produtividade 6,7% maior do que a de 2005. No caso do Paraná, a produção de 9,3 milhões de toneladas foi 1,4% menor do que a do ano anterior.

Em valores nominais, a produção agrícola brasileira movimentou R$ 98,3 bilhões no ano passado; só o Paraná foi responsável por R$ 11,7 bilhões, o que correspondeu a 11,9% do montante do País. Grande parte desse volume veio da soja, que movimentou R$ 3,8 bilhões no Estado, seguida pelo milho e pela cana-de-açúcar (veja gráfico). No caso específico de grãos, o valor da produção caiu quase 30% no Paraná, passando de R$ 10,9 bilhões em 2005 para R$ 7,8 bilhões no ano passado. A desvalorização do dólar é apontado pelo IBGE como um dos principais fatores. Já na soma de todas as culturas, houve o incremento de 1%, passando de R$ 11,6 bilhões para R$ 11,7 bilhões.

Municípios

Entre os principais municípios brasileiros produtores, a lista é liderada por São Desidério, na Bahia, que movimentou no ano passado R$ 709 milhões em produtos agrícolas. No Paraná, a melhor posição (31.ª no ranking nacional) ficou com Castro, com R$ 231,2 milhões; em 2005, o município havia ficado na 38.ª posição. Tibagi, que movimentou R$ 189,2 milhões em produtos agrícolas no ano passado, ficou no 43.º lugar e Guarapuava na 50.ª posição, com R$ 173,5 milhões.

Principal produtor de seis culturas

Responsável por 19,8% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas – seguido de perto por Mato Grosso, com 18,9%, e Rio Grande do Sul, com 17%, que recuperou sua produção depois da estiagem em 2005 -, o Paraná se destacou em 2006 como o maior produtor de feijão, milho, trigo, triticale, aveia e cevada, além de ser o segundo maior produtor de soja.

?Essa diversidade de produtos presente no Estado lhe é favorável, pois em caso de prejuízo em alguma cultura, outra pode compensar, diminuindo os impactos na economia?, destacou a pesquisa do IBGE. ?A utilização de tecnologias, como o uso de plantio direto e rotação de culturas, além do clima, favorecem essa grande variedade de produtos, proporcionando o plantio de lavouras de verão e de inverno em uma mesma área.?

Um dos destaques no Paraná foi o feijão; o Estado voltou a liderar a produção do grão no ano passado, retomando a posição de Minas Gerais. O resultado foi uma produção de 818 mil toneladas de feijão, o correspondente a 23,7% do montante nacional. Minas Gerais ficou na segunda posição, com 476 mil toneladas – 13,8% da produção nacional.

No caso do milho, a participação do Paraná no cenário nacional foi de 26,3%, com a produção de 11,2 milhões de toneladas. A quantidade produzida cresceu 31,1% em relação ao ano anterior. O Estado também se destacou na produção de cana-de-açúcar: foram 269 milhões de toneladas colhidas, volume 14,1% maior do que em 2005.

Em nível nacional, foi a cana-de-açúcar – juntamente com o café e a laranja – que impulsionou o incremento de R$ 2,8 bilhões no valor da produção agrícola no ano passado. Segundo o IBGE, a cana-de-açúcar recebeu grandes investimentos nos últimos anos para atender a crescente demanda de álcool no mercado interno e externo, e o resultado foi um aumento de 29,1%.

No café, o crescimento do valor da produção no período foi de 37,1% e, na laranja, de 33,1%. Outros destaques de expansão do valor ficaram com a banana (15,1%), maçã (77,5%) e melão (34,2%). Os produtos que registraram queda no valor de produção em 2006, em relação a 2005, foram especialmente a soja (-15,1%), arroz em casca (-14,1%), fumo em folha (-4,3%), algodão herbáceo (-53,4%) e trigo em grão (-29,4%).

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