PROBLEMA

Paraná precisa renovar 60% da safra de cana

Cerca de 60% da produção paranaense de cana-de-açúcar vai precisar ser renovada nos próximos anos, em função dos problemas enfrentados nos últimos anos. Apesar de um acréscimo de 8,8% previsto para a safra 2011/2012, que começa em março, o processamento estimado em 47 milhões de toneladas é decorrente do acúmulo de cana-de-açúcar não colhida em 2010, por causa da seca, de acordo com avaliação da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar).

Os problemas se acumulam nos últimos anos, seja pela seca, em determinados períodos, ou pelo grande volume de chuvas, em outros. O total da próxima safra ainda está aquém do projetado para 2009, que era de 54 milhões. Naquele ano, as chuvas influenciaram para que fossem colhidas apenas 45,8 milhões de toneladas.

“Com a crise econômica em 2008 e 2009, não conseguimos replantar. Nosso canavial ficou mais velho e nossa produtividade automaticamente caiu proporcionalmente. Temos renovação da produção de 2008, 2009 e 2010 que não conseguimos fazer”, afirma o superintendente da Alcopar, Adriano da Silva Dias.

A renovação dos 60% da safra paranaense, calculados pela Alcopar, ainda vai levar tempo. “Não temos recursos suficientes nem tempo hábil para fazer isso em um ano só. Temos que retomar investimentos visando eliminar problemas que tivemos nos três últimos anos”, avalia Dias. Os produtores estão tentando retomar investimentos junto a linhas de crédito específicas do governo federal.

De acordo com cálculos da Alcopar, a renovação e o plantio de cada hectare de cana-de-açúcar custa perto de R$ 8 mil. “Estamos falando em 50%, até 60%, de 650 mil hectares de cana para colheita no Paraná. Falando em valores ainda conversadores, temos a necessidade de R$ 2 bilhões em investimentos só para retomar a produção que já tivemos em anos anteriores”, calcula Dias.

Ele cita também a redução da participação do Paraná na exportação do etanol. “Tivemos que reduzir drasticamente a exportação de etanol para priorizar o mercado interno. Já chegamos a exportar 4,4 bilhões de litros de etanol, há três anos. Em 2010, exportamos apenas 1,4 bilhão porque tivemos que assegurar abastecimento do mercado interno. Com a redução da matéria prima, não conseguimos manter nossa participação no mercado”, conta.

Abrindo mão do etanol, houve espaço para um leve crescimento na exportação do açúcar, aliado à escassez do produto em outros países produtores. No ano passado, foram exportados 2,8 milhões de toneladas de açúcar do Paraná.

Mão de obra

A expansão das lavouras de cana-de-açúcar, nos últimos anos, gerou uma maior demanda por mão de obra que, segundo a Alcopar, não existe no mercado. “Sem o adicional da mão de obra, a mecanização teve que entrar. Aliado a isso temos problemas ambientais que acabaram restringindo o uso do corte manual, fazendo com que o setor migrasse para o sistema mecanizado”, explica Dias.

Segundo ele, com a entrada de maquinários para fazer o trabalho que antes era feito pelo homem, a tendência é que essa mão de obra seja gradativamente qualificada para ocupar outras funções no setor, como motoristas ou operadores de máquinas.