Paraná fica de fora do programa de biodiesel

O Ministério de Minas e Energia aposta que o Brasil poderá assumir a posição de segundo maior produtor mundial de biodiesel ainda este ano. Atualmente na quarta posição do ranking, o País deverá ultrapassar a Itália e a França e permanecer atrás apenas da Alemanha. A decisão do governo de exigir a mistura de 2% dos recursos renováveis ao diesel elevará o consumo interno do biodiesel, aumentando assim o volume produzido nacionalmente. A projeção é que a produção nacional saltará, neste ano, de 450 milhões de litros para 850 milhões de litros.

Segundo o ministério, entre 60% e 70% do biodiesel brasileiro são produzidos a partir do óleo de soja – outros 10% são extraídos de sebo animal e mamona, sendo o restante de culturas ainda sem produção intensiva. O Paraná, o segundo maior produtor de soja brasileiro – com produção superior a 11 milhões de toneladas – não irá contribuir para o Brasil atingir sua meta, já que as duas únicas usinas autorizadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para produzir biodiesel estão paradas. O principal motivo é o preço.

O diretor industrial da Biopar, Nivaldo Tomazella, afirmou que está em compasso de espera e que não participou dos últimos leilões do governo porque o preço oferecido não pagava nem o custo de produção. ?Quem vendeu terá dificuldades de produzir e vender?, falou. Montada a menos de dois anos, a Biopar tem capacidade de produção de 120 mil litros/dia, utilizando como matérias-primas o sebo animal, soja, caroço de algodão e girassol. Mas, atualmente, garante Tomazella, a empresa deve fechar parcerias para atender o mercado de energias alternativas, como cooperativas e empresas de frota.

No mercado desde 2003 e pioneira no Brasil na produção de biodiesel, a Biolix paralisou suas atividades em março. O proprietário, Antônio dos Reis Félix garante que prefere esperar o mercado melhorar ao invés de ter prejuízos. Ele também não concorda com algumas regras impostas pelo governo, como o controle da Petrobras. ?Quero ter liberdade e vender direto para as distribuidoras?, falou. Segundo Félix, muitas usinas estão sendo criadas por essa promessa de sucesso anunciada pelo governo, e pior, a grande maioria apostando somente na soja como matéria-prima – a Biolix trabalha com nabo forrageiro e girassol.

Canibalismo

Para o analista de mercado do portal Biodieselbr, Univaldo Vedana, com o preço médio de R$ 1,86 o litro oferecido pelo governo, as usinas estão trabalhando no vermelho. Para o negócio se tornar viável ele afirma que o preço deveria subir a R$ 2,50 ou R$ 2,60. No entanto, ele comncorda que a culpa por esse cenário não é do governo, mas sim das próprias usinas que promoveram um canibalismo nas cotações. ?Elas foram abaixando os preços somente para poder entrar, e hoje devem arcar com as conseqüências?, comentou.

A falta de participação das representantes do Paraná no fornecimento do produto, além do preço, seria também a falta do selo social, que é fornecido pelo governo às usinas que atendem a uma série de exigências, como a compra de matéria-prima da agricultura familiar. Com o selo, as usinas recebem redução de Pis e Cofins, que aqui no Paraná poderia chegar a R$ 0,15 por litro. Outro problema do Paraná, avalia Vedana, está ligado ao custo da produção e a proximidade com o Porto de Paranaguá. ?Acaba sendo mais vantagem produzir óleo comestível que biodiesel. O custo é semelhante, mas a logística é diferente?, ponderou. Por isso, ele diz da necessidade do Paraná, assim como do Brasil, de encontrar novas fontes para o produto.

Apesar do Paraná não estar vendendo o biodiesel, o analista aposta que o Estado pode se tornar auto-suficiente nos próximos anos. Hoje a capacidade de produção autorizada pela ANP é de 45 milhões de litros/ano. Além das duas usinas prontas no Estado – ambas ficam em Rolândia -, outras duas já estão em construção, em Barracão e Marialva, que juntas devem produzir 114 milhões de litros/ano. Estão em planejamento outras seis usinas menores em Santa Helena, Araucária, Andirá, Jandaia do Sul, Tuneiras do Oeste e Ponta Grossa, além de uma unidade em Palmeira apoiada pelo governo do Estado e Petrobras. 

Voltar ao topo