Emprego em risco

Paralisação na Volvo deixa metalúrgicos em estado de alerta

A fábrica da Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba, deve paralisar a produção de caminhões por sete dias úteis, a partir de quarta-feira da próxima semana (22). Diante do atual cenário econômico, os metalúrgicos da empresa temem que este seja o início de uma crise mais severa, que possa culminar com a perda de seus empregos.

No entanto, a visão de envolvidos nesse setor não é de um 2015 tão ruim. Todos estão em clima de “esperar para ver o que vai acontecer” e evitam fazer previsões. Mas acreditam que o cenário econômico vai melhorar até o fim do ano.

De acordo com Nelson Silva de Souza, vice presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, a Volvo vai aproveitar dois feriados prolongados (Tiradentes e Dia do Trabalho) para colocar os cerca de 1,5 mil trabalhadores da fábrica de caminhões de folga, descontada do banco de horas. O retorno às atividades só deve ocorrer em 4 de maio.

“É claro que há a queda da economia, no Brasil inteiro. Mas outro motivo da paralisação também é porque a empresa está readequando seus processos de produção para a entrada de um novo produto”, explica o sindicalista. “O que não vamos aceitar é pagar o pato pelos erros do governo e perder postos de trabalho e direitos adquiridos. Estamos abertos a conversar alternativas com a empresa para evitar isto”, diz Souza, que teme que os empresários do setor façam mais paralisações e iniciem demissões em massa para criar o “caos” e pressionar o governo a não parar de dar incentivos.

Vendas

Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores Regional Paraná (Fenabrave-PR) mostram que, no Estado, houve uma queda de 50,78% nos emplacamentos de caminhões novos nos três primeiros meses de 2015, se comparado com o primeiro trimestre do ano passado. Foi a pior classificação entre os segmentos veiculares.

Apesar disto, Souza, do Sindicato dos Metalúrgicos, não enxerga a queda de uma forma tão ruim. Ele explica que, nos últimos seis anos, tanto o setor de veículos, quanto o de construção civil, tiveram um crescimento acima da média. E apesar da atual queda da economia, ele acredita que, em 2015, as coisas vão melhorar. “Mas quando falamos em melhora, não estamos dizendo que vamos superar os dados de 2014. Acreditamos que vai haver crescimento em relação ao momento pelo qual estamos passando agora”, analisou o sindicalista.

Assembleia de conscientização

Já desde as primeiras horas da manhã de hoje, a Força Sindical do Paraná e outras centrais sindicais do estado devem promover assembleias de conscientização com os metalúrgicos, nas portas das montadoras do Estado. O objetivo é mobilizar a categoria em protesto contra a votação do Projeto de Lei 4330, que está tramitando no Congresso Nacional e prevê a ampliação das terceirizações no Brasil.

Na visão dos sindicalistas, terceirizar a mão de obra no País é precarizar as relações de trabalho. Há o temor de que os trabalhadores percam seus direitos trabalhistas e sejam mal pagos, já que terceirizados chegam a ganhar até 30% menos que outros trabalhadores.
Nelson Silva de Souza, vice presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, acredita que a votação não deva passar no Congresso. Mas, caso isto ocorra, o projeto irá para a votação dos senadores.