Para suinocultor, bloqueio argentino é questão política

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, considerou a ameaça de bloqueio das pontes que ligam o Brasil à Argentina para impedir a entrada de produtos suínos brasileiros uma questão política e não comercial. “Não tem fundamento. Nos últimos três meses, as exportações para a Argentina não cresceram. Aliás, de maio para junho elas até recuaram”, afirmou o executivo à Agência Estado.

Segundo ele, em abril foram embarcadas para a Argentina 3,25 mil toneladas; em maio, 3,246 mil toneladas e, em junho, 2,473 mil toneladas. Apesar de o país vizinho ser o terceiro maior mercado da carne suína brasileira – até junho, as vendas representaram 7,14% do total -, Camargo Neto não vê impactos com o bloqueio. “Uma paralisação das importações argentinas da nossa carne suína já ocorreu há três meses e não surtiu efeito. Acredito num mesmo desfecho dessa vez”, declarou.

O presidente da Abipecs declarou, ainda, que os suinocultores argentinos deveriam estar mais preocupados em aumentar sua produtividade do que impedir importações do produto. “Hoje, eles não têm condições de atender à demanda, porque se perdeu muito em produtividade. Eles deveriam estar é pleiteando mais condições de investimento em tecnologia para aumentar sua produção”, disse. “O milho deles é mais barato que o nosso e eles poderiam aproveitar essa condição favorável e até exportar mais”, completou.

O bloqueio das pontes entre os dois países foi anunciado hoje pelos produtores de carne suína da Argentina, que fizeram uma reunião na Federação Agrária, a mais combativa organização ruralista do país. No dia 3 de abril os produtores anunciaram a realização de piquetes contra a entrada dos produtos brasileiros. Mas três semanas depois decidiram suspender as manifestações de forma “temporária”, já que na ocasião o ministério da Agricultura havia assumido o compromisso de “moderar” a entrada de carne suína brasileira.

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