Impacto direto

Pão, combustível, remédio: entenda como a disparada do dólar pesa no seu bolso

Foto: Freepik

A alta do dólar nos últimos meses, que segunda-feira (9) chegou a operar em R$ 4,72, influencia diretamente no bolso dos brasileiros. O impacto, segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), tem efeitos imediatos, como o aumento no preço da carne e do pão.

Com a alta da moeda americana, o real fica desvalorizado. Diante desse cenário, as relações comerciais entre o Brasil e o mercado externo são afetadas, atingindo diretamente as famílias.

Confira como os produtos e serviços encarecem no Brasil com o aumento do dólar:

Pão

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Paraná (Sipcep), Vilson Felipe Borgmann, o dólar deve impactar em aumento do pãozinho entre 5% a 7%.

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O Brasil não é autossuficiente na produção de trigo – ou seja, o que é plantado aqui não sustenta o consumo interno. Com isso, a farinha pra fabricar o pão vem de fora, cotada a dólar. Desde o final de 2019, a farinha de trigo importada principalmente do Canadá e dos Estados Unidos vem ficando cada vez mais cara.

“A gente vem absorvendo a alta do trigo desde o final do ano passado, mas agora que o dólar estourou não teve como segurar”, explica Borgmann. Além da farinha, todos os produtos feitos com farinha de trigo também tiveram alta, além da margarina – que vem da soja, os ovos e e o chocolate – por causa da chegada da Páscoa.

As padarias do Paraná devem ajustar os preços do pãozinho nos próximos dias. Para diminuir o impacto no valor do alimento base da cadeia alimentar, outros produtos da confeitaria e panificação vão reajustar o preço pouco acima do necessário, numa estratégia de subsídio ao pão francês.

Carne, açúcar e café

Carne bovina em açougue no Mercado Municipal. Foto: Marcelo Elias / arquivo Gazeta do Povo.

Como o Brasil é líder em exportação de carnes (bovina, suína e frango), assim como soja, açúcar e café, estes produtos ficam mais caros com a subida do dólar. Todos estes produtos são commodities, ou seja são destinados ao mercado externo com cotação em dólar. Conforme o volume de exportações, a quantidade para o mercado pode diminuir, aumentando assim os preços.

Como alternativa, a dica é procurar outras fontes de proteína. Alimentos in natura ou minimamente processados, como verduras, legumes e frutas da estação, não devem ser afetados pela alta do dólar.

Saúde

O setor de medicamentos também deve ser afetado com a alta do dólar. Isso porque boa parte dos próprios remédios ou de suas matérias-primas são muitas vezes importados.

A alta do dólar também deve afetar o valor de exames de imagens mais apurados, além de em intervenções médicas mais delicadas, como exames que exigem insumos ou mesmo cirurgias, já que grande parte dos insumos é importada.

Combustível

Foto: Arquivo/ Tribuna do Parana.

Como o preço diesel é definido com base na variação do barril do petróleo, em dólar, a alta da moeda americana deve impactar na hora de abastecer o carro. Na mesma proporção, o transporte coletivo também pode repassar essa alta do combustível para as tarifas pagas pelos passageiros.

De maneira geral, uma possível alta no diesel também pode desencadear um reajuste na tabela do frete dos caminhoneiros. Com isso, da uma quantidade infinta de mercadorias ficam mais caros, já que o transporte rodoviário é o principal modal de transporte do Brasil.

Eletrônicos

A médio e longo prazo, os produtos eletrônicos podem ficar mais caros. Isso porque boa parte desses produtos são importados, como computadores, laptops e celulares. No processo industrial, a matéria-prima utilizada na produção de eletroeletrônicos vem do exterior, encarecendo também os produtos confeccionados no país.

Turismo

Não é preciso muita explicação para dizer que quem pretende viajar para o exterior nos próximos dias vai pagar mais caro pela passagem, hospedagem e alimentação. Caso a passagem já tenha sido comprada, é importante analisar se a troca do bilhete para um período em que o dólar esteja mais favorável não é a melhor solução para economizar. Mas calma! Há como se planejar direitinho e, neste caso, você pode manter, cancelar ou mesmo adiar a viagem para fora, dependendo do caso.