País é auto-suficiente em petróleo

Rio (AE) – Dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam que o Brasil atingiu efetivamente a auto-suficiência na produção de petróleo já em 2006, contrariando expectativas da Petrobras, que esperava a conquista para este mês. O feito, porém, não resolveu de todo o problema da balança comercial do setor, que continua deficitária do ponto de vista financeiro. O diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, acredita, porém, que tal situação tende a ser revertida nos próximos anos.

Segundo a ANP, o Brasil exportou 23,531 milhões de barris de petróleo e derivados a mais do que importou em 2006 (vendas de 239,8 milhões contra compras de 216,3 milhões de barris). A agência calcula que o Brasil tenha produzido uma média de 1,808 milhão de barris por dia, sendo que 30 mil barris diários foram extraídos por empresas privadas que chegaram ao País com o fim do monopólio estatal.

Anteontem, a Petrobras já havia anunciado um superávit médio de 93 mil barris/dia em sua balança de petróleo e derivados durante o ano. As contas da Petrobras, no entanto, não consideram importações feitas por outras empresas, principalmente as centrais petroquímicas, que importam nafta. Segundo o diretor da Petrobras, a estatal fechou o ano com um saldo comercial de petróleo e derivados em torno dos US$ 400 milhões. Considerando as importações de outras companhias, porém o setor registrou um déficit de US$ 739 milhões, calcula a ANP.

A manutenção do déficit financeiro, mesmo com superávit em barris comercializados, pode ser explicada pela diferença de preços entre o petróleo e combustíveis produzidos no País e os produtos importados. De acordo com a ANP, o Brasil importou petróleo a um preço médio de US$ 68,61 por barril em 2006, enquanto o petróleo nacional foi vendido a US$ 54,71 por barril, em média. A agência calcula que o Brasil tenha vendido US$ 13,306 bilhões e comprado US$ 14,045 bi em petróleo e derivados durante o ano.

O diretor da Petrobras avalia que o déficit comercial tende a desaparecer à medida em que novos empreendimentos em refino entrem em operação. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí, e a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, vão processar 250 mil barris de petróleo do campo de Marlim, hoje exportados. A Refinaria Premium, com investimentos previstos em US$ 5,5 bilhões, vai refinar 500 mil barris de petróleo nacional a partir de 2014.

Além disso, a companhia vem investindo em melhorias nas unidades já existentes, para que usem cada vez mais petróleo brasileiro. ?Estamos nos esforçando para processar mais petróleo nacional, agregar valor ao produto e melhorar o desempenho da companhia e da balança comercial do País?, afirmou Costa. Segundo ele, o Brasil deve se tornar auto-suficiente em óleo diesel a partir do início das operações da Refinaria Premium.

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