Obama afirma que salários de executivos terão limites

Em meio ao repúdio popular sobre os excessos de Wall Street, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou regras para pagamentos a executivos de instituições financeiras que aceitarem assistência do governo, dizendo ser de “mau gosto” e uma estratégia ruim para os bancos darem aos executivos pacotes de pagamentos suntuosos durante uma crise econômica.

“Vamos exigir algumas restrições em troca da ajuda federal – de forma que, quando as firmas procurarem novos dólares, não vão encontrá-los com os mesmos velhos truques”, disse Obama, na Casa Branca.

Ao lado do presidente estava o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que divulgará mais detalhes do novo pacote de socorro financeiro da administração federal norte-americana na próxima semana. As amplas expectativas do mercado são de que o novo plano irá custar mais do que os US$ 350 bilhões da segunda parte do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês), aprovado durante o governo George W. Bush.

Momentos antes do discurso de Obama, a Casa Branca divulgou as novas regras para pagamento de executivos, que inclui um limite sobre os salários de executivos de companhias que venham a receber ajuda “excepcional” do governo. Este padrão se aplica a firmas que tiveram acordos negociados específicos com o Tesouro, como a seguradora American International Group (AIG) e os bancos Bank of America (BofA) e Citigroup.

Sob as novas regras, as companhias que já receberam socorro do Departamento do Tesouro terão de se sujeitar às regras existentes. Contudo, os executivos das firmas que receberem assistência excepcional no futuro não poderão receber mais do que US$ 500 mil por ano. Qualquer pagamento adicional será feito em ações restritas, que serão liberadas apenas quando os fundos públicos forem pagos.

As regras, concebidas para atender a indignação pública com os excessos de Wall Street, embora não desestimulem os bancos de participar dos programas de socorro do governo, são mais severas que as regras existentes. Sob as velhas regras, as companhias que recebem assistência do governo não podem fazer uma dedução tributária sobre os pagamentos de executivos acima de US$ 500 mil.

“Esta é a América. Não menosprezamos a riqueza”, disse Obama, “Não invejamos ninguém por alcançar o sucesso. E certamente acreditamos que o sucesso deve ser recompensado. Mas o que deixa as pessoas aborrecidas – e de forma correta – são executivos sendo recompensados por seus fracassos. Especialmente quando aquelas recompensas são subsidiadas pelos contribuintes dos EUA”, afirmou o presidente.

Segundo ele, todos os bancos vão enfrentar restrições nos paraquedas dourados – como são chamados os pacotes de benefícios para executivos – e terão de dar aos acionistas uma voz sobre os pagamentos de executivos sob as novas regras. “Estamos colocando um limite àqueles tipos de gigantes pacotes de rescisão que temos todos lidos sobre com repugnância; estamos desinflando os paraquedas dourados”, disse Obama.

Pacote

O presidente dos EUA aproveitou o anúncio das novas restrições para pagamentos de executivos de companhias socorridas pelo governo para manter a pressão pela aprovação do pacote de recuperação econômica em debate no Senado norte-americano. Obama alertou que um fracasso em agir rapidamente pode “tornar a crise em uma catástrofe e garantir uma recessão mais longa, uma recuperação menos robusta e um futuro mais incerto”.

Ele defendeu fortemente o pacote contra as críticas de que não inclui alívio tributário suficiente e é excessivamente focado em desafios de prazo mais longo, mas reconheceu que o plano não é perfeito. “Nenhum plano é perfeito, e devemos trabalhar para torná-lo mais forte”, disse.

Em seu discurso na Casa Branca, Obama acusou os críticos de defenderem “teorias fracassadas” que ajudaram a provocar a crise econômica, apontando para a visão de que os cortes de impostos são a cura para tudo. “Eu rejeito aquela teoria, assim fez o povo americano quando foi as urnas em novembro e votaram por uma retumbante mudança”, disse Obama.

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