Números da economia criam expectativa de queda dos juros

Os dados recentes de queda no emprego, desacelaração do crescimento industrial e inflação em baixa reforçaram na última semana a expectativa de que o Banco Central volte nesta quarta-feira (21) a reduzir a taxa básica de juros Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom), que reúne os diretores do Banco Central, iniciou em março de 2008 uma série de aumentos dos juros, que passou de 11,25%, há dez meses, para os atuais 13,75% ao ano.

“Há um mês e meio, muitas pessoas achavam que a inflação em 2009 ficaria acima da meta de 6,5% fixada pelo governo. E que o Banco Central deveria flexibilizar as regras de inflação. Era um cenário muito pior. Hoje, quase todo mundo acha que vai dar para fechar este ano em 4,5%, dentro da meta”, afirmou o economista Samuel Pessoa, da Fundação Getulio Vargas (FGV), em entrevista à Agência Brasil.

Samuel Pessoa considera razoável um corte mais acentuado, de até um ponto percentual, mas ponderou que o mais provável é que ocorra uma redução em torno de 0,75 ponto percentual. A pesquisa semanal do Banco Central com 100 analistas do mercado financeiro aponta uma provável queda de 0,5 ponto percentual na reunião do Copom de hoje.

O economista Paulo Sergio Souto, novo presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon/RJ), avaliou que a redução na taxa básica de juros não trará efeitos benéficos ao país caso não seja seguida de outra reduções posteriores. Segundo ele, o Banco Central tem sancionado posições estabelecidas pelo mercado bancário e financeiro que já teria emitido sinais favoráveis à redução dos juros.

O presidente do Corecon/RJ acredita que o governo deveria ir além da definição da taxa de juros e pensar em mundanças mais substantivas de política econômica para estimular a produção e o emprego internos. Segundo ele, os juros altos no Brasil incentivam as aplicações dos investidores nacionais e internacionais em títulos da dívida pública.

“Nós, de fato, precisamos de um processo que leve essa taxa a patamares civilizados, que estimulem o empresariado privado a tomar dinheiro para investir na produção”, disse.