Novos indicadores socioeconômicos

Viver num país que aparece entre os 50 piores do mundo em termos de PIB pode não ser uma experiência ruim. O Butão, que fica entre a China e a Índia, está na lista dos mais pobres do planeta, mas nem por isso seu povo vive mal ou tem problemas graves de saúde. É isso que mostra uma pesquisa organizada pelo Bridge Fund Europe (BFE) em parceria com o governo local.

Os conceitos de vida no Butão são muito diferentes dos que se têm no ocidente. “É um povo voltado para a ética, meditação, vida saudável e astrologia. Não há estudos sobre matemática financeira, por exemplo, nem mesmo a questão ambiental aparece por lá, pois o país praticamente não tem problemas nessa área”, explica Sander Tideman, que preside o BFE.

O caso do Butão ilustra as discussões que acontecem em Curitiba na conferência internacional Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida Icons. O objetivo do congresso, que reúne especialistas de diversas partes do mundo, é estabelecer novos parâmetros para medir a prosperidade, o progresso e o desenvolvimento dos países. A proposta é aplicar uma metodologia diferente da utilizada atualmente, como o Produto Interno Bruto (PIB), para mensurar a situação socioeconômica das nações.

As pesquisas feitas no Butão estão ajudando a identificar prioridades da população, mostrando indicadores de felicidade e ações positivas que vão possibilitar ao governo daquele país estabelecer políticas que também ajudarão a aprimorar um sistema de indicadores para desenvolvimento sustentável.

Roberto Guimarães, oficial de assuntos ambientais da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamento Humanitários da Cepal Secretaria da ONU para a América Latina -, considera o encontro internacional a primeira oportunidade para que especialistas falem sobre novos indicadores de desenvolvimento. “Pela primeira vez na história há um consenso de opiniões sobre um mesmo assunto. A idéia principal é: se queremos desenvolvimento sustentável temos que mensurá-lo. A Icons é o começo disso”, afirmou.

Guimarães utiliza o exemplo do Brasil para destacar a necessidade de medir a real situação de uma nação. “O nosso País é um microcosmo de insustentabilidade, ao mesmo tempo em que é riquíssimo em termos de recursos naturais”, afirma.

Para ele, se a sustentabilidade não der certo no Brasil, não dará em lugar nenhum do mundo. “Temos aproximadamente 60% da biodiversidade mundial e, por uma ótica de futuro, somos a Arábia Saudita do século 21. Se o século 20 foi do petróleo, este será o do conhecimento e esse conhecimento estará baseado na biodiversidade”, defende.

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