A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento identificou a ocorrência de um caso de “Scrapie”, doença de origem nervosa que ataca o cérebro de ovinos, numa propriedade do município de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. A ovelha foi sacrificada no último dia 27, para que o material fosse recolhido e enviado para análise no laboratório da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, único credenciado pelo Ministério da Agricultura para identificação da doença.
O resultado do exame foi positivo, informou o diretor do Departamento de Fiscalização e Sanidade Animal, da Secretaria da Agricultura, Felisberto Baptista. A ovelha doente pertencia ao rebanho de ovinos da Fazenda Experimental Gralha Azul, de propriedade da Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR). A propriedade foi interditada e o rebanho de ovinos, com 123 animais, permanece isolado.
O caso já foi comunicado à Organização Internacional de Epizootias (OIE) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento conforme estabelecem os acordos internacionais. A Secretaria da Agricultura está aguardando quais providências deve adotar em relação ao rebanho isolado, que serão definidas pelo serviço de Defesa Sanitária Animal, do Ministério da Agricultura, em Brasília.
O último caso ocorrido no Paraná foi em 2001, quando a Scrapie foi identificada numa propriedade de Candói, município próximo a Guarapuava. Na época, o Ministério da Agricultura determinou o sacrifício de 505 animais, que pertenciam à linhagem dos animais doentes. Os animais foram identificados após rastreamento da descendência.
A Secretaria da Agricultura está fazendo um levantamento retrospectivo da vida do animal para identificar a possível origem da doença. A ovelha foi comprada numa propriedade do município de Teixeira Soares, próximo a Irati, que desativou a criação de ovinos. O animal é uma fêmea, filha de animais importados, informou o médico veterinário Valdir Marioti, do Serviço de Sanidade Animal, da delegacia regional do Ministério da Agricultura no Paraná.
“Todos os procedimentos que deveriam ser adotados a Secretaria da Agricultura já fez”, disse Baptista. A ovelha foi sacrificada assim que os professores da PUC fizeram a comunicação da suspeita da doença, a área foi interditada e os demais animais, isolados.
A Secretaria da Agricultura mantém um sistema de vigilância e atenção às enfermidades dos animais, realizado em parceria com a iniciativa privada. Essa parceria vem dando credibilidade às ações da Secretaria, quando o foco é a Sanidade Animal dos rebanhos. Na Fazenda da PUC, os técnicos da Secretaria e do Ministério da Agricultura, não tiveram problema nenhum, porque a suspeita da doença foi feita a tempo e comunicada aos órgãos do governo.
Scrapie – A Scrapie é uma doença que ataca ovinos, a partir da mutação genética de uma proteína denominada “Príon”, que se encontra na região do cérebro do animal. A doença só começa a se manifestar quando a proteína sofre mutação e lesa as células nervosas do cérebro (neurônios).
A doença torna-se visível quando os animais começam a apresentar sintomas de origem nervosa, como coceira em excesso, alteração de marcha, dificuldade de equilíbrio, coordenação motora alterada e emagrecimento. Batista esclarece que o “Scrapie” entre ovinos é uma doença antiga, com mais de 200 anos, e está presente em rebanhos dos Estados Unidos e Canadá. Segundo Baptista, a doença pode ser controlada e não oferece risco à saúde pública.