‘Nessas horas, os bancos viram as costas para a gente’, diz empresário

Há pouco mais de um ano, o empresário Valdir Santos, presidente da transportadora ASA Express, sofria com os problemas decorrentes da forte demanda no setor rodoviário. Parte da frota de 1.200 caminhões ficava parada por falta de motoristas e pela demora na entrega de pneus.

Hoje os problemas são inversos. Com a queda de 30% na demanda e aumento no custo fixo, ele já cortou 20% do quadro de funcionários. “E nessas horas os bancos viram as costas para a gente”, afirma ele, destacando a dificuldade que tem sido conseguir crédito na praça.

Como o prazo de pagamento dos clientes é de 30 dias, era comum a empresa usar as faturas para antecipar a receita. “Não estão mais liberando essas operações. Tentei com um banco e não consegui. Tive de ir para outra instituição que me ofereceu um empréstimo com exigência de garantias e com custo maior”, conta o empresário.

Segundo ele, algumas empresas do setor não têm conseguido aguentar a pressão e estão fechando as portas. O problema é o descompasso entre receitas e despesas. O combustível aumentou e, com a nova lei dos motoristas, os custos de pessoal também avançaram.

Junta-se a isso o fato de a infraestrutura precária das estradas ter elevado o custo de manutenção dos caminhões – só de pneus são 1,5 milhão de unidades que precisam ser trocadas regularmente. “Estamos trabalhando no vermelho. No momento não podemos nem pensar em renovação da frota que já está com dez anos de uso. O ideal seria trocar a cada oito anos.”

Construção

A situação é ainda pior na Villanova Engenharia. Além da falta de crédito, a empresa também sofre com os atrasos de pagamentos do poder público. “Sempre tivemos crédito. Mas agora a resposta dos bancos é que precisam de garantias reais”, afirma o presidente da empresa, José Eduardo da Costa Freitas. Nesse caso, a dificuldade na obtenção de crédito também é decorrente da Operação Lava Jato. Os bancos se fecharam para qualquer empresa do setor de construção.

Segundo Freitas, a construtora já teve de cortar quase 40% do quadro de funcionários por causa dos problemas de caixa. Além disso, o ritmo das obras que a empresa está tocando – como a urbanização de favelas na capital paulista – foi reduzido para compatibilizar as receitas com as despesas. Consequentemente, o cronograma da obra terá de ser alterado, o que significa aumento de custo para a empresa. “A Prefeitura resiste ao repasse desses custos. Não sei como vou fechar esse contrato. A expectativa é que teremos um ano perdido.”

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