Protesto geral

Nem bares querem cobrança de 20% de gorjeta

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR) não reagiu bem à proposta feita pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que prevê a cobrança de 20% de gorjeta em bares e restaurantes a partir das 23h.

O projeto de lei foi aprovado na última quinta-feira pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. A Abrasel promete se mobilizar para derrubar essa ideia. De acordo com o diretor-executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu, a medida seria totalmente inviável de se aplicar no país, pois o valor é considerado alto demais.

“Nós acreditamos que esse valor só vai afastar cada vez mais a clientela que gosta de frequentar a noite. Já estamos com problemas devido ao rigor da Lei Seca e da Lei Antifumo. Se esse projeto realmente se tornar lei, temo pelo futuro desse setor, uma vez que muitas casas podem acabar fechando por inviabilidade econômica. Os garçons estão cientes disso e também têm se manifestado de forma contrária ao projeto”, afirma.

Ele diz também que a entidade está procurando deputados federais para impedir esse projeto. “Estamos conversando com nossos políticos e explicando os perigos deste projeto de lei. Nosso setor emprega muita gente com baixo nível de escolaridade e se o governo dificultar o funcionamento destes estabelecimentos, certamente vai gerar uma onda de desemprego” avalia. Bartolomeu conta ainda que dar ou não uma gorjeta fica a cargo do consumidor. “A gorjeta é uma forma de reconhecimento pelo serviço prestado. Ele pode dar o quanto ele achar justo ou simplesmente não pagar”, lembra.

Para apresentar um substituto ao projeto de 20% de gorjeta, a Abrasel quer a regulamentação da gorjeta de 10%, que passaria a ser incorporado ao salário. “Essa ideia não traria ônus aos estabelecimentos, pelo contrário, seria até mais interessante para fins trabalhistas.

Para a clientela também não ficaria muito pesada pois é comum o pagamento destes 10%. Além disso, defendemos que esse valor seja repartido para garçons e para os profissionais que trabalham na cozinha, como uma divisão de lucros”, opina o diretor-executivo.