Mujica descarta adotar controle de preços no Uruguai

O presidente do Uruguai, José Mujica, afastou temores de uma guinada “à la Argentina”, com controle de preços, para conter a alta da inflação no país. Em programa da rádio da M24, Mujica criticou o uso de controle de preços, já adotado em outros momentos de crise no Uruguai, dizendo que esse tipo de medida “tem resultado imediato, mas dura só um pouquinho”.

Ele afirmou que o problema da inflação não é simples e “não há soluções mágicas” para enfrentá-lo, mas garantiu que o Uruguai “não vai ter inflação descontrolada”.

Mujica afastou, por enquanto, a hipótese de adotar o modelo argentino dos “acordos de estabilidade de preços”, que são uma forma mascarada de controle. Nas duas últimas semanas, o presidente uruguaio mostrou forte preocupação com a inflação e colocou o assunto no centro da agenda das reuniões que mantém com seu gabinete toda segunda-feira.

Ele deu ordens para cortar gastos e defendeu o equilíbrio fiscal. “Para parar a inflação, recomenda-se colocar o Estado em dieta em matéria de gasto e comprometer-se com um orçamento proporcional aos impostos efetivos que o governo está recebendo”, disse.

Mujica foi eleito com amplo apoio dos sindicatos, mas desde que assumiu o governo, em março de 2010, está enfrentado uma série de greves. No discurso no rádio, reconheceu que as medidas de combate à inflação geram impactos negativos em alguns setores.

Mas mostrou-se resignado ao afirmar que nenhuma ferramenta anti-inflacionária é perfeita ou neutra. “Sempre vai afetar alguém e sempre tende a provocar gritaria”, afirmou.

No Uruguai, o Índice de Preços ao Consumidor subiu 1,42% em março, acumulando alta de 8,17% em 12 meses. As projeções do Banco Central apontam para inflação anual de 7,3%.

No documento sobre as perspectivas econômicas mundiais divulgado nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta a inflação uruguaia em 7,2% neste ano e 6% em 2012. A projeção de desemprego é de 6,9% e 6,8%, respectivamente. Para o FMI, o PIB uruguaio neste ano deve crescer 5% e em 2012, 4,2%.

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