Mudança em MP que restringe benefícios trabalhistas reduz economia em R$ 2 bi

A proposta do senador Paulo Rocha (PT-PA) para a aprovação da Medida Provisória que restringe os benefícios trabalhistas reduzirá a economia esperada para este ano com o pagamento de seguro-desemprego em aproximadamente R$ 2 bilhões, caso seja aprovada no Congresso. A estimativa foi feita, a pedido do jornal “O Estado de S. Paulo”, pela consultoria do Legislativo.

A maior economia nas despesas públicas desse pacote de revisão de regras trabalhistas é com a restrição ao seguro-desemprego. Antes, eram necessários seis meses de trabalho na primeira solicitação. O governo mudou esse prazo para 18 meses nos dois anos anteriores à dispensa para pedir o benefício pela primeira vez. No relatório, o senador propõe 12 meses.

A economia esperada neste ano cai dos R$ 9 bilhões para R$ 7 bilhões, segundo cálculos preliminares do consultor de orçamento da Câmara, Leonardo Rolim. “O primeiro ano é o que tem impacto maior porque restringe o benefício ao maior número de pessoas. Nos anos seguintes, o represamento inicial se torna regra e acaba tendo impacto menor”, explicou Rolim, que já foi secretário de Políticas de Previdência Social.

Em relação ao abono salarial, o senador deixou a proporcionalidade do pagamento do benefício, equivalente a um salário mínimo, de acordo com o tempo de trabalho no ano anterior – modelos semelhante ao 13º salário. A discussão, porém, está no tempo que é preciso para ter direito ao benefício. O governo não abre mão de uma carência mínima. Na MP 665, propôs carência de 6 meses de trabalho ininterruptos. O senador colocou no relatório carência de 3 meses, mesmo período dos contratos de experiência. As centrais sindicais, no entanto, não aceitam nenhum tipo de carência.

O governo espera economizar R$ 7 bilhões com a mudança nas regras do abono, mas a economia só passa a valer em 2016, como revelou o jornal em janeiro. A mudança na carência de 6 para 3 meses terá uma redução de 10% na contenção dos gastos, estima Rolim. De acordo com o consultor, a proporcionalidade na concessão do benefício é o que mais gera economia nesta regra.

O parecer do senador Paulo Rocha foi apresentado na tarde desta terça-feira na comissão mista que analisa a MP 665. A expectativa é que o relatório seja votado nesta quarta-feira.

Para o seguro defeso, pago a pescadores durante períodos de seca, Rocha propõe que o benefício seja pago a quem provar ter um ano de atuação como pescador artesanal. Na MP, foi instituída uma carência de 3 anos.

Rocha garante que ainda há tempo para negociações e outras mudanças. “Me propus a fazer um trabalho de mediação para ir ao encontro dos ajustes que a economia está a exigir mas sem colocar por terra as conquistas dos trabalhadores”, afirmou.

Para aprovar o ajuste fiscal, o governo deu autorização ao senador para diminuir as restrições nas regras de concessão dos benefícios trabalhistas. Foi uma forma de sinalizar que estava cedendo à pressão das centrais sindicais e parlamentares da própria base aliada, com o objetivo de garantir a aprovação da essência do pacote fiscal – que ainda inclui a MP 664, que restringe benefícios previdenciários e está sendo negociada em outra comissão mista.

Os sindicalistas, porém, alegam que as medidas ainda retiram direitos dos operários neste momento em que a economia está cambaleante e a expectativa é de aumento do desemprego. “Na hora que o trabalhador mais precisa, o governo tira o direito dele”, afirmou Miguel Torres, presidente da Força Sindical, que participou da negociações. As centrais pedem que governo revogue a MP 665 e envie um projeto de lei ao Congresso.

Se o relatório for aprovado na comissão mista nesta quarta-feira, seguirá para ser votado na Câmara e, depois, no Senado. O prazo final para a aprovação no Congresso da MP é 1º de junho.

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