MPT tenta acabar com discriminação no trabalho

Rio (AG) – Uma ação inédita do Ministério Público do Trabalho será o ponto de partida para tentar acabar com a discriminação de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro. Após investigação sobre o quadro de pessoal dos cinco maiores bancos privados do Distrito Federal, o MPT vai avançar sobre o sistema financeiro, o primeiro alvo do Programa de Promoção da Igualdade e Oportunidade para Todos, a ser lançado em abril.

Os números espantam diante do tamanho da segregação de um dos setores da economia que mais lucra no País. Os negros (pretos e pardos), que representam 46% da força de trabalho no Distrito Federal, são apenas 19% dos bancários. As mulheres, apesar de responderem pela metade da mão-de-obra nas agências, ganham bem menos que os homens.

?Com a ajuda do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do Dieese, cruzamos os dados da população, da força de trabalho e da escolaridade com as características do quadro de funcionários. E a constatação é clara. Há discriminação. Por isso, a ação?, explica o vice-procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Otávio Brito Lopes.

Segundo o procurador, as explicações dos bancos para as distorções salariais, como a que foi encontrada numa instituição na qual o rendimento do negro representa apenas 67% da média dos brancos, não se sustentaram: ?Eles afirmam que os negros têm uma formação pior, por isso o salário menor. Mas essa explicação não se sustenta. A parcela de negros com formação superior é maior que a de brancos (79% contra 76%).?

Marlene Miranda, negra e há 15 anos no sistema financeiro, percebe essa discriminação velada que permeia o mercado de trabalho. Tem o superior incompleto e tempo de casa suficiente para subir na profissão, porém só teve duas promoções no período a serviço do Banco Mercantil do Brasil: ?Sou chefiada por pessoas com nível médio. Isso é comum aqui entre mulheres. Fiz curso de gerência, mas quando há promoção é só para homens?, diz ela, que ganha R$ 1.700, piso da categoria para sua função.

Segundo o Mercantil do Brasil, o critério das promoções é o da produtividade e não a formação.

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