Montadoras concedem férias coletivas

Montadoras instaladas na Grande Curitiba já começaram a conceder férias coletivas a seus funcionários. Na Case New Holland (CNH), metalúrgicos da área de tratores pararam no último dia 12 e voltam ao trabalho no dia 2 de janeiro. Entre o pessoal administrativo, as férias começaram ontem e o retorno está marcado também para o dia 2. Na montadora Audi-Volkswagen, em São José dos Pinhais, serão dez dias de férias coletivas – entre os dias 2 e 11 de janeiro. Já na Renault, também em São José dos Pinhais, parte dos funcionários saiu ontem de férias e outra sai no próximo dia 26.

Depois de um ano bem atribulado, marcado por uma forte estiagem, especialmente no Sul do País, a Case New Holland espera por dias melhores em 2006. ?A fase ruim, a gente acredita, já passou. Agora estamos torcendo para que o agricultor faça um bom plantio e troque os maquinários?, afirmou Algacir Machado, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e técnico mecânico da CNH. Funcionário da empresa há 18 anos, Machado conta que 2005 foi um dos piores anos. ?Houve uma crise em 83, quando eu ainda não trabalhava aqui. Mas como a produção era menor, o impacto também foi menor do que o desse ano?, comentou.

A CNH deve encerrar o ano, segundo Machado, com a produção de cerca de mil colheitadeiras e 6 mil tratores – bem abaixo dos resultados obtidos em 2004, que foram 3,2 mil e 12 mil, respectivamente. Produzindo menos, a CNH precisou dispensar funcionários – foram cerca de 750 demitidos entre dezembro de 2004 e outubro último. Atualmente, a CNH emprega cerca de 1,2 mil funcionários.

Volkswagen

Na Audi-Volkswagen, as férias estão sendo esperadas com ansiedade. É que este ano a montadora não concedeu férias coletivas aos funcionários. As últimas foram concedidas em outubro de 2004, enquanto as próximas ocorrerão só em janeiro de 2006, entre os dias 2 e 12.

?As férias são necessárias para o trabalhador. É uma oportunidade também de fazer o acerto de linha para o novo produto, que ainda é segredo?, apontou Gilson Ricardo Santos Batista, coordenador da representação interna dos empregados da montadora. Segundo Batista, quase 3,8 mil funcionários – de um total de 4,5 mil – vão parar no início de janeiro. ?Apenas áreas essenciais, como a parte de manutenção, vão trabalhar?, afirmou.

Com três turnos, a montadora está trabalhando com sua capacidade máxima, produzindo cerca de 820 veículos por dia – a maioria deles Fox (quase 600). A linha de produção divide ainda espaço com o CrossFox (cerca de 180 por dia) e o Golf (aproximadamente 50 unidades/dia).

Segundo Batista, 2005 apresentou saldo bastante positivo em termos de contratação, com a montadora admitindo cerca de 1,5 mil pessoas. ?Estamos trabalhando no limite?, comentou. ?Já em termos de mercado, estamos tranqüilos, porque a produção está forte.?

Renault

Na Renault, os quase 1,2 mil funcionários que atuam na área de veículos de passeio saíram ontem de férias e retornam no dia 9 de janeiro. Os que trabalham no setor de utilitários (cerca de 350) saem de férias no dia 23 e voltam no dia 6 de janeiro. Já os funcionários da fábrica de motores não terão férias coletivas. As informações são do coordenador dos delegados sindicais, Robson Vieira da Silva. A Renault do Brasil tem cerca de 2,8 mil funcionários.

Produzindo cerca de 270 veículos por dia, a montadora tem duas apostas: o Novo Mégane, que começou a ser fabricado em setembro e será produzido em maior escala a partir de janeiro, e o Logan, cuja produção está prevista para 2007.

De acordo com Robson da Silva, uma das novidades para o ano que vem pode ser a inclusão de mais um turno. Hoje, a área de veículos de passeio trabalha em um único turno, assim como o de utilitários. Apenas a fábrica de motores tem três turnos. ?Existe um estudo para formar mão-de-obra para o ano que vem, se tudo correr bem?, adiantou. 

Metalúrgicos comemoram avanços salariais

Apesar de todos os contratempos, os metalúrgicos que trabalham na Grande Curitiba conseguiram avanços salariais importantes em 2005. É o caso dos funcionários da Case New Holland. Apesar das demissões, a montadora concedeu o vale-mercado no valor de R$ 65,00 por mês, o que significa aumento de quase 5,5% no salário médio de R$ 1.236,00. No caso da Participação de Lucros e Resultados (PLR), a categoria não conseguiu atingir os objetivos: pedia entre R$ 1.750,00 e R$ 2 mil, mas obteve R$ 1,4 mil. Em compensação, conseguiu repor a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) integralmente e, ainda, incluir uma cláusula social que garante, em caso de acidente de trabalho, que a empresa pague todo o medicamento.

Com as vendas em alta, os funcionários da Audi-Volkswagen conseguiram também avanços importantes, entre eles o aumento real de 3,5% – totalizando 8,9% de reajuste, incluindo o INPC – e o piso salarial passando de R$ 867,00 para R$ 1.083,00. O salário médio na Volkswagen é de R$ 1,7 mil. Com relação ao PLR, houve avanço de 22%, ficando entre R$ 2,8 mil e R$ 3,6 mil, em média. Outra novidade, a partir de janeiro, será a redução da jornada de trabalho de 42 para 40 horas semanais.

Também na Renault, o coordenador dos delegados sindicais, Robson Vieira da Silva, avaliou 2005 como um ano bom em termos de conquistas. ?Conseguimos 3% de aumento real. Isso, numa época em que o mercado se desaqueceu um pouco?, lembrou. A PLR, segundo Silva, vai depender do resultado do ano, que só será divulgado em fevereiro. A primeira parcela foi de R$ 1,5 mil. Em termos de contratação, a Renault contratou 120 novas pessoas em 2005, entre elas 50 deficientes. Também abriu um programa para menores aprendizes. (LS)

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