Minoritários mudam destino de empresas

Foto: Arquivo/O Estado

Pequenos acionistas na maioria das vezes são responsáveis pelo ?sobe-e-desce?da bolsa.

Administradores com média de idade inferior a 35 anos e ambientes de trabalho sem o rigor a que a profissão remete, assim como roupas casuais para deixar de lado a formalidade dos ternos. Resumidamente, assim é a aparência de executivos de fundos de investimentos que têm conquistado espaço e notoriedade ao alinhar os interesses de acionistas minoritários de grandes corporações. Seus sócios rejeitam lugares-comuns como ?nova geração?. Preferem falar em um ?momento diferente? do mercado, ou ?usar todas as armas? para evitar o prejuízo de seus cotistas.

 O veto à reestruturação da Telemar, ocorrido em assembléia realizada no dia 15 de dezembro, evidencia essa estratégia de fundos de investimentos de agrupar os interesses de acionistas minoritários, portadores de ações preferenciais (sem direito a voto) descontentes com o lucro de suas participações, relatam especialistas.

Considerados ?maltratados? pelo mercado, os acionistas minoritários começaram a conquistar, recentemente, algumas vitórias que lhes garantem melhor retorno financeiro. Com 37% de votos contra e 29% a favor, de um quórum que representava 66% dos acionistas da maior operadora de telefonia do País, o plano de troca de ações da Telemar foi rejeitado.

A idéia era criar uma nova empresa (Oi Participações) apenas com papéis ordinários (ON, com direito a voto). Cada ação desse tipo da Telemar seria trocado por 41,5 ações ON da nova operadora. Para cada ação preferencial, a relação seria quase três vezes inferior, ou 15,7 títulos ordinários.

?A relação de troca era enormemente injusta?, afirma o sócio da Polo Capital, administradora de recursos fundada em 2002, Cláudio Andrade. De acordo com ele, a Polo não era contrária à entrada da Telemar no novo mercado, objetivo final da reestruturação. ?Não me sinto carregando uma bandeira. Uso todas as armas para garantir o meu direito?, diz. A Telemar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não comentaria a operação.

Segundo o economista da corretora Geração Futuro, Mauro Giorgi, de 47 anos, foi importante para o mercado acionário brasileiro a entrada de investidores estrangeiros em empresas nacionais, pois eles começaram a implementar no País conceitos de transparência e melhor comunicação com o mercado, inspirando os sócios dos fundos de investimentos na época em que estavam na faculdade. ?O mais importante é que eles têm isso como uma coisa natural?, diz Giorgi.

Novatas fizeram a festa na Bovespa em 2006

São Paulo (AE) – Empresas de vários setores da economia brasileira encontraram na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) uma forma de se beneficiar do excesso de dinheiro existente no mercado mundial. O movimento, que deve se repetir em 2007, foi marcado pela abertura de capital de empresas de médio porte, mas que têm grande representatividade em seus ramos de atividade, como é o caso da Construtora Gafisa, a Imobiliária Lopes e a Medial Saúde, entre outras.

Segundo dados da bolsa paulista, o faturamento médio anual dessas companhias ficou em R$ 550 milhões. No total, 25 empresas estrearam suas ações na Bovespa em 2006, ante nove em 2005 e sete em 2004. O volume de operações primárias somou R$ 9,2 bilhões. ?Com raras exceções, os lançamentos feitos neste ano tiveram bastante sucesso, com valorizações expressivas dos papéis?, afirmou o superintendente de relações com empresas da Bovespa, João Batista Fraga.

Outro ponto positivo é que das 25 companhias que entraram na Bovespa, 20 ingressaram no Novo Mercado. Para fazer parte desse segmento, a empresa deve adotar práticas de governança corporativa e tornar as informações mais transparentes. Com isso os investidores têm mais segurança e os custos de captação de recursos são reduzidos. Além disso, as ações negociadas no Novo Mercado têm mais liquidez.

De acordo com os especialistas, a maioria das companhias que entraram para o seleto rol da Bovespa usou os recursos para investimento produtivo, o que pode trazer bons resultados para a economia nacional. Algumas raras exceções aproveitaram a liquidez internacional para a reestruturação de dívidas. Mas isso ocorreu em número menor, afirma Fraga, da Bovespa. ?As empresas devem pouco.?

Analistas traçam cenário otimista para este ano

São Paulo (AE) – No front interno, analistas desenham para 2007 um cenário de continuidade do corte das taxas de juros, controle da inflação e crescimento econômico em torno de 3,5%, ante os 2,7% a 3,0% esperados para 2006. No externo, a expectativa é de que também as condições que animaram o mercado em 2006 sejam mantidas, com crescimento ainda robusto da economia mundial, puxado sobretudo pela China e outros países asiáticos, inflação baixa e sobra de dólares alimentando os mercados emergentes.

Essas são condições que, se mantidas, tendem a levar a bolsa a continuar com bom desempenho em 2007. Em 2006, o índice da Bovespa subiu 32,93%. Outro ponto positivo para as bolsas é a trajetória do risco País, que continua em queda e atingiu 193 pontos na quinta-feira. Alexandre Maia, economista-chefe e sócio da Gap Asset Management, observa que as ações de empresas de alguns setores, como de mineração e petróleo, estão se valorizando acima do índice da Bovespa. ?São empresas que estão surfando na onda de crescimento mundial?, diz Maia.

Por isso, ele diz que o investidor pode ter maior ganho em fundos de ações ativos, que procuram as melhores oportunidades no mercado, que em fundos de ações que têm o objetivo de ?copiar? o Ibovespa. O administrador de investimentos Fábio Colombo defende uma redução da exposição às bolsas: ?Os recordes como os atuais podem ser os momentos de pico, e por isso é preciso ter cautela?, diz.

No mercado de renda fixa, está mantida a expectativa de corte dos juros – as estimativas são de que a taxa atual de 13,25% ao ano caia para algo entre 11,50% e 12% até dezembro de 2007. Há o consenso de que a inflação está sob controle, o que poderá levar o Banco Central a manter a magnitude dos cortes da Selic em 0,50 ponto percentual em janeiro. Para Colombo, o juro real do País, expresso pela taxa básica de juros menos a inflação, hoje na faixa de 9% a 10%, deverá ser reduzido para o intervalo de 7% a 8% ao ano. ?Mesmo assim, as aplicações de renda fixa continuarão atraentes.?

Para 2007, analistas acreditam que o dólar deve manter o comportamento de baixa. Eles não descartam um aumento no volume de compra da moeda ou até mesmo no número de intervenções por parte do Banco Central com o objetivo de evitar quedas maiores nas cotações. Colombo diz que o dólar deve ser utilizado pelo investidor apenas como um ?seguro? do portfólio e não deve representar mais de 10% a 20% dos recursos investidos. ?É para o caso de tudo dar errado.?

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