Mercado reage bem à entrada do BC no câmbio

O mercado de câmbio aprovou a decisão do Banco Central (BC) de comprar dólares no mercado à vista para recompor suas reservas cambiais. O dólar ensaiou uma alta na abertura dos negócios, mas inverteu a tendência à tarde. A cotação fechou na mínima do dia, ontem, a R$ 2,858 na compra e R$ 2,850 na venda, com baixa de 0,35%. O C-Bond voltou a subir e no final da tarde valia 99,50% do seu valor de face (+0,37%). O risco-país caía 1,86%, para 420 pontos-base. A Bovespa registrou queda de 1,09%.

O diretor de Tesouraria do Banco Santos, Clive Botelho, considerou a medida anunciada anteontem pelo BC como muito positiva e afirma que esse já era um pleito do mercado. Ele afirma que as compras do BC apresentam maior transparência para o mercado e maior liberdade para o governo. Por ter total conhecimento dos movimentos de fluxo de mercado, diz, o BC saberá exatamente qual o melhor momento para entrar, sem provocar volatilidade.

?Se nos momentos de crise o BC entra no mercado para vender dólares, reduzindo suas reservas, nada mais nobre do que recompor as reservas em um momento de grande liquidez e fundamentos econômicos positivos?, disse Botelho.

Até então, as compras do governo no mercado à vista eram feitas pelo Tesouro Nacional, por meio do Banco do Brasil (BB), para pagamento de dívidas externas. Agora esse papel caberá também ao BC. A saída do BB como ??BC Cover?? foi comemorada no mercado. Um gerente de mesa de um banco ??dealer?? afirma que o respaldo do governo por trás do BB o tornava bastante competitivo no mercado diário, prejudicando outras instituições. Agora, o banco continua forte no mercado, mas apenas atuando em operações consideradas normais.

As compras do BC poderiam ter acontecido já a partir de ontem, o que não aconteceu. Com a expectativa em torno da primeira operação, os investidores se retraíram, diminuindo a liquidez dos negócios. Um dos reflexos das compras do BC deverá ser a contenção da queda contínua do dólar, fator de instabilidade prejudicial às exportações. As compras do Tesouro já não tinham força para recolher o excesso de liquidez.

O comunicado informando que as compras serão feitas por leilão eletrônico foi suficiente para garantir a tranqüilidade dos investidores, devido à transparência do processo. Com isso, os agentes que haviam comprado dólares pela manhã acabaram por devolver os recursos à tarde, favorecendo a baixa.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,09%, negociando um total de R$ 1,638 bilhão, em 23.320 pontos.

O Depósito Interfinanceiro (DI) de julho, o mais negociado, fechou com taxa de 15,46% ao ano, contra 15,58% do fechamento de anteontem. O DI de outubro passou de 15,59% para 15,42% anuais. Já o vencimento de fevereiro, que projeta os juros deste mês ficou em 16,04% anuais, contra 16,09% de anteontem. A taxa Selic está hoje em 16,50% ao ano.

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