Para algumas pessoas, móveis usados e peças de antigüidade não passam de velharias guardadas no fundo de sótãos, porões e garagens. Para outras, são produtos valiosíssimos, tidos como verdadeiras obras de arte.
Em Curitiba, o comércio de peças de mobiliário usadas está em plena expansão. A cidade tem fama de abrigar um dos mais completos e melhores mercados de antigüidades: o Mercado das Pulgas, que abriu suas portas no ano de 1988. O local, que tem uma sede na Rua Brasílio Itiberê e outra na Avenida Iguaçu, possui cerca de setenta mil itens à venda, entre objetos atuais e centenários.
Em lojas pequenas e até um pouco escondidas, localizadas no centro da cidade, também é possível encontrar raridades há preços bastante acessíveis. Coisas que em países do exterior custam uma fortuna, muitas vezes podem ser encontradas por aqui por pouco mais de R$ 500,00. “Por este motivo, os estrangeiros demonstram bastante interesse nas peças de antigüidade comercializadas em Curitiba. A todo momento envio produtos para França, Portugal e outros países do mundo”, comenta o gerente do Mercado das Pulgas, José Antônio da Silva.
Segundo José, não são apenas pessoas de classes sociais mais baixas que buscam por móveis e utilitários usados. Pelo contrário, os produtos são bastante procurados por representantes das classes sociais A e B. Estas geralmente buscam as antigüidades com a intenção de valorizar os ambientes de suas próprias residências, escritórios ou mesmo casas noturnas e restaurantes.
“O Mercado das Pulgas está mudando a cultura dos paranaenses. Antes, as pessoas enxergavam os produtos velhos como algo descartável. Hoje, os enxergam como algo de muito valor”, diz José Antônio. “Pessoas da alta sociedade compram com a gente, inclusive para uso pessoal. Já vendi produtos para pessoas de vários países e estados brasileiros, principalmente São Paulo.”
No Mercado é possível encontrar peças confeccionadas até quatrocentos anos atrás, em diversos locais do mundo. Estão à disposição para compra e apreciação telefones antigos, lustres, quadros, louças, vitrolas, discos e livros. Porém, o que mais costuma chamar a atenção são os móveis feitos de madeiras cujo corte atualmente é proibido. Entre elas: marfim verdadeiro, jacarandá e imbuia.
“Os móveis antigos em madeira fazem a alegria de muita gente. São de grande qualidade e bastante apreciados por pessoas que trabalham com restauração”, afirma. “Outros que adoram o Mercado das Pulgas são os cenógrafos. Peças comercializadas pelo mercado aqui de Curitiba já foram locadas e utilizadas em diversas produções de época, tanto no cinema, quanto na TV e no teatro”.
No Mercado das Pulgas, o gerente não se recusa a negociar valores e muitas vezes utiliza a prática do escambo, isto é, fornece determinado produto em troca de outro de igual valor. “Procuramos dar um atendimento especializado aos clientes, cuidando para que eles saiam satisfeitos com o negócio que fizeram”, conta José.