Mercado da sofisticação se expande

Rio e São Paulo  – Com ou sem crise, um segmento do mercado mantém seu balanço sempre no azul: o das empresas que optaram por sofisticar seus produtos, de olho no consumidor das classes A e B alta. São pouco mais de 500 mil pessoas no país, que não dependem do crédito convencional para comprar TVs e celulares de última geração e, apesar do dólar alto, continuam consumindo importados nos supermercados.

Os números divulgados semana passada pelo IBGE mostram que essas empresas escolheram a estratégia certa: entre 1999 e 2001, a parcela de 1% mais ricos da população viu sua renda aumentar 5,19%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Já a renda dos mais pobres, que vinha crescendo depois do Plano Real, encolheu.

Apostando no potencial dos consumidores de elite, fabricantes de eletroeletrônicos têm investido em produtos com tecnologia mais sofisticada – e margens de lucros maiores. A coreana LG começará este mês a produzir no Brasil televisores de plasma com 42 polegadas. Os aparelhos, até agora importados, custam R$ 25 mil em média. A Philco também anunciou semana passada o lançamento de uma TV de plasma.

Dos quase oito mil aparelhos vendidos por mês pela rede Lojas Cem, 800 são de tela grande (29 polegadas ou mais), que custam a partir de R$ 900, mais que o dobro dos aparelhos com até 20 polegadas.

– O mercado de luxo tem uma dinâmica própria. Ele tem foco no consumidor com altíssimo poder aquisitivo, padrões de consumo globais e alto nível de informação – diz Alberto Serrentino, da consultoria Gouvêa de Souza.

Produtos mais caros nos supermercados também cresceram em vendas. Uma sondagem da Latin Panel, ligada ao Ibope, constatou que o consumo de iogurtes cresceu 32% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2001.

Um fator chama a atenção dos pesquisadores. Na dúvida entre linhas de um mesmo produto, a classe média tem optado pela mais elaborada. É o caso dos sabonetes hidratantes, cujas vendas saltaram 89% de janeiro a junho, apesar de o produto custar 15% a mais.

– A classe média foi forçada a adiar a conquista de grandes sonhos, como a troca do carro. Mas não abriu mão de comprar bens de largo consumo, como alimentos – explica Nelson Barrizzelli, consultor de varejo.

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