Meirelles: responsabilidade guia queda de juros

Manter a responsabilidade macroeconômica é a grande estratégia do Brasil para continuar a trajetória de queda das taxas de juros reais, comentou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em seminário promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo. Segundo ele, às vezes, no Brasil, são adotadas ações “do final para o começo”, o que para Meirelles sempre tendem a provocar desequilíbrios na economia.

Para o presidente do BC, a queda contínua da taxa de juros real é fruto da estabilidade econômica. “Uma das características importantes do sucesso do Brasil é tomar atitudes que sejam realistas, possíveis”, disse. “O fato de que a inflação está na meta, de termos reservas (cambiais), dívida pública cadente como proporção do PIB, gera como consequência a queda da taxa de juro real”, afirmou Meirelles. Ele ressaltou para uma plateia de dirigentes de empresas esperar “que seja absolutamente claro” que os juros no Brasil vão continuar caindo dentro da “responsabilidade macroeconômica”. Segundo ele, é fundamental “não tentar fazer mágica, dar um passo maior do que a perna”.

Meirelles também mencionou que a taxa de juros média no Brasil não é tão alta quanto parece. Para fundamentar seu argumento, ele ressaltou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), banco que segundo ele foi muito importante na ação do governo para conter os efeitos da crise internacional sobre o País, concede financiamentos para boa parte do setor industrial baseados na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Essa taxa está em 6% ao ano, abaixo da taxa Selic, que é de 8,75% ao ano. Ele citou que alguns outros setores da economia, como o rural e o habitacional, também operam com taxas de juros normalmente mais baixas do que a Selic.