Meirelles: recuperação da confiança é substancial

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje que tem havido uma recuperação substancial do índice de confiança do consumidor na economia. Ele disse que, em julho, o índice chegou 111,4 pontos, patamar semelhante ao de antes do agravamento da crise. Em setembro de 2008, o índice de confiança estava em 111,7 pontos e, em agosto do ano passado, em 108,8.

Meirelles observou que os níveis de estoques excessivos da indústria estão caindo e, por outro lado, os estoques insuficientes estão crescendo. Na avaliação do presidente do BC, essa conjunção de fatores mostra uma recuperação gradual da economia brasileira. Ele comentou que, em janeiro deste ano, os estoques excessivos estavam elevados e, por outro lado, os estoques insuficientes estavam em um patamar muito baixo. Agora, segundo Meirelles, o que se verifica é uma inversão.

Ele destacou que existe uma recuperação gradual da produção industrial e disse que ela acontece em velocidade mais rápida do que em outros países. Disse que o nível de confiança na indústria atingiu, no terceiro trimestre de 2009, a média histórica de 58,2 pontos, embora ainda esteja abaixo da do ano passado. O nível depois do agravamento da crise tinha caído. A queda foi maior no primeiro trimestre de 2009, quando atingiu o índice de 47,4 pontos e, de lá para cá, começou um processo de recuperação.

Meirelles comentou que o setor de supermercados não sentiu a crise e manteve crescimento constante mesmo depois do seu agravamento, registrado em setembro do ano passado. Ele previu tendência de continuidade do processo de crescimento das vendas no varejo e disse que o Índice de Atividade do Comércio (IAC), medido pelo Serasa, mostra isso. O presidente do BC Comentou ainda a importância da retomada do crescimento do setor automobilístico para a economia brasileira. Disse que foi esse setor que puxou a queda da economia e é o mesmo que agora está puxando a retomada.

Investimentos

Henrique Meirelles avaliou hoje, na Comissão de Assuntos Econômicas (CAE) do Senado, que a evolução do fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) ao Brasil após o agravamento da crise econômico-financeira internacional mostra que as empresas globais mantêm o nível de confiança no País. Segundo ele, a entrada de IED acumulada em 12 meses se manteve estável ao longo desse período.

Meirelles previu a recuperação também do fluxo de investimentos estrangeiros para o mercado acionário. Destacou que, depois da crise, houve uma queda forte desses investimentos estrangeiros para ações em renda fixa, mas observou que eles vêm-se recuperando “na margem, nos últimos meses”. Segundo Meirelles, em algum momento, os investimentos nessas aplicações atingirão patamar positivo em 12 meses.

Ao prever a retomada do nível de investimentos na economia brasileira – que chegou a ficar negativo com a crise financeira -, o presidente do Banco Central avaliou que a economia brasileira preserva “fatores de força de estabilidade”. Na audiência pública na CAE, ele afirmou que a estabilidade da economia brasileira proporcionada pela política monetária é fundamental para que as empresas possam investir com mais segurança.

Meirelles teve um debate técnico com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre investimentos na economia brasileira. O senador avaliou que uma taxa de juros menor pode atrair mais investimentos para a economia. Suplicy chegou a dizer que aguardará a próxima participação de Meirelles em uma audiência pública na CAE para fazer nova avaliação sobre investimentos, dando a entender que aguarda uma redução maior dos juros.

O presidente do BC disse que é natural que os investimentos no Brasil tenham caído, porque a economia brasileira importou a crise financeira internacional e que, com as incertezas, os empresários do setor produtivo retraíram os investimentos. Nessas situações, observou, a primeira providência é a suspensão dos investimentos. Em defesa da política econômica, Meirelles disse que a previsibilidade e a estabilidade da economia são fundamentais para haver investimentos. “Quanto maior a previsibilidade, menor a taxa de retorno demandada e maior o volume de investimentos”, afirmou.

Segundo o presidente do BC, nesse contexto, a política monetária contribuiu para a previsibilidade e a estabilidade, garantindo maior segurança para o investidor.