Máquinas de cartão de crédito perdem monopólio

O comércio brasileiro vem considerando o dia de hoje, 1.º de julho, quando entra em vigor a lei que possibilita ao comerciante utilizar apenas uma das máquinas de cartão de crédito, o Dia D do comércio.

Isso porque, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, Roque Pelizaro, “uma verdadeira Lei Áurea nos libertará dos grilhões do monopólio que existia nesta indústria e que trouxe enormes distorções e custos ao comércio e aos consumidores brasileiros”.

Roque acredita que a taxa de desconto, paga pelos comerciantes às empresas credenciadoras de cartões, deve cair entre 30% e 35% em um ou dois anos. Essa mudança, aguardada há anos pelo mercado, deve representar uma redução de custos para os comerciantes e, consequentemente, para os consumidores.

Atualmente, esta taxa varia entre 3,5% e 5% por compra, de acordo com ele, excluindo-se os 100 grandes varejistas e os postos de gasolina, que possuem contratos diferenciados.

“Já estamos fazendo um alerta aos lojistas para que, os que conseguirem redução dessa taxa, a repassem logo para o consumidor”, disse o presidente da CNDL. Como o varejo é um setor altamente competitivo, segundo ele, o reflexo da diferença de preços se dará no aumento da base de clientes.

Pellizzaro Junior salientou, no entanto, que o comerciante precisa estar atento para não se deixar influenciar apenas por descontos em aluguéis das máquinas (POS, de point of sale, na sigla em inglês). “O aluguel é apenas a ponta do iceberg e aceitar apenas esse desconto é cair no conto do vigário”, avaliou.

O presidente da CNDL projeta que as duas maiores empresas do setor (Redecard e Cielo) perderão nos próximos seis meses 50% de sua base de clientes. Ele salientou que, mesmo que grandes redes mantenham a opção das duas máquinas em suas unidades, o pequeno comércio é muito mais numeroso e é o que tende a optar por uma ou outra credenciadora.

De acordo com ele, existem 3,5 milhões de POS no mercado hoje. “Por isso há tanta propaganda ultimamente. Li outro dia que a indústria despendeu R$ 150 milhões em propaganda neste semestre e antes ela não gastava nem um centavo”, comparou.

Apesar de considerar o fim da exclusividade um avanço para o setor, o presidente da CNDL mostrou-se ainda preocupado com o esforço das grandes empresas em tentar fidelizar seus clientes.

Algumas das ofertas para os lojistas consistem em reduzir – ou até zerar – a cobrança do aluguel das POS desde que o comerciante permaneça com a máquina por um tempo determinado – geralmente um ou dois anos.