Mapa prepara nova proposta sobre aftosa

Técnicos do Ministério da Agricultura virão a Curitiba na próxima terça-feira, dia 27, apresentar um cronograma de ações que o Paraná deverá seguir em função do surgimento do foco de febre aftosa. Os procedimentos a serem adotados estarão dentro das normas estabelecidas pela Organização Internacional da Sanidade Animal (OIE).

A decisão foi anunciada ontem, pelo ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, durante audiência pública em Brasília que reuniu o vice-governador e secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, o diretor do Departamento de Fiscalização Agropecuário no Paraná, Felisberto Baptista, técnicos do Ministério da Agricultura e deputados membros da Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara Federal.

?Os técnicos do Ministério da Agricultura irão discutir a proposta com os técnicos da Secretaria da Agricultura. O Paraná vai dizer, então, se aceita ou não?, explicou o deputado federal César Silvestre (PPS/PR), membro da Comissão de Agricultura que participou da audiência com o ministro. Segundo ele, o secretário Orlando Pessuti deixou claro, durante a audiência, que a decisão do governo estadual, qualquer que seja, será tomada em conjunto com as entidades que compõem o Conselho Estadual de Sanidade Animal (Conesa).

O deputado preferiu não comentar sobre o possível conteúdo da proposta, mas afirmou que entre as possibilidades está a determinação para que os exames sejam refeitos ou, ainda, que a questão do foco seja limitada apenas à Fazenda Cachoeira – e, portanto, o sacrifício sanitário seria aplicado somente às 2.212 cabeças de gado da propriedade rural. ?Pode ser também que não seja nenhuma dessas propostas. Não quero criar expectativas?, desconversou o deputado.

Avaliação positiva

O vice-governador e secretário estadual da Agricultura, Orlando Pessuti, avaliou como positiva a audiência pública em Brasília. ?Foi decidido o estabelecimento de um cronograma, que há muito tempo já estávamos pedindo?, afirmou. ?Houve um avanço significativo no sentido de que vamos, de forma definitiva, encontrar o caminho para resolver a situação.?

Pessuti afirmou que o governo estadual vai continuar lutando para que o Ministério da Agricultura mude a posição e revogue o decreto de febre aftosa no Paraná. ?Vamos continuar nossa luta. E se o ministério tinha razões para decretar o foco no Paraná no dia 5 de dezembro, nós agora temos o argumento de que 46 resultados do exame probang deram negativo?, disse.

Ao secretário Pessuti e os parlamentares, Roberto Rodrigues disse que o ministério não tem condições de retroceder no ato, tomado com base nas normas internacionais em função da sorologia positiva encontrada nos primeiros exames e na vinculação epidemiológia com a origem dos animais da Fazenda Bonanza, no Mato Grosso do Sul.

?Na minha avaliação, nossos argumentos permitem que eles (Ministério da Agricultura) cancelem a decisão. Mas o ministro disse que não tem como voltar atrás, mas que aguardaria a volta da equipe que foi a Moscou para determinar o que deve ser feito?, comentou o secretário. Segundo ele, a comissão do Paraná levou ao ministro um roteiro de sugestões, que inclui, entre outras medidas, o fim da interdição de algumas propriedades rurais. ?Eles também apresentaram sugestões. Vamos nos reunir na próxima terça-feira para discutir todas elas.?

Sobre o sacrifício sanitário dos animais da Fazenda Cachoeira, Pessuti afirmou que não se fala no assunto antes do dia 27. ?Se houver o cancelamento do foco, não haverá problema. Mas se a sugestão do ministério for pelo sacrifício, terei que convocar o Conesa para tomar uma medida?, afirmou.

Embargo russo

Técnicos do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reuniram-se ontem, em Moscou, com autoridades sanitárias russas para discutir a flexibilização do embargo imposto por aquele país à carne brasileira. O encontro aconteceu oito dias após a Rússia embargar exportações de carne suína, bovina e de aves, subprodutos, leite e lácteos, insumos, animais suscetíveis e equipamentos de manutenção, processamento e abate dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.

Desde outubro, a Rússia já havia anunciado o embargo ao Mato Grosso do Sul, quando foi detectado no Estado o primeiro foco de febre aftosa no País. A missão técnica saiu ontem de Bruxelas rumo à Rússia, onde negociou junto à União Européia a manutenção do embargo à carne brasileira apenas para os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. 

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