Mantega diz que Brasil precisa se adaptar a onda de investimentos estrangeiros

São Paulo – A elevação do Brasil a investment grade, grau de recomendação para investimentos estrangeiros estabelecido pelas agências de risco, traz a necessidade de o país se ajustar a uma nova realidade, avaliou nesta terça-feira (16) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, o Brasil terá de aumentar as exportações e encontrar um novo nível de equilíbrio na balança comercial para compensar o aumento da entrada de recursos estrangeiros.

Para o ministro, no entanto, as medidas estão sendo tomadas. ?Um país sólido, robusto e que hoje tem futuro promissor atrai investimentos externos e a economia brasileira também está se adaptando a esse cenário?, disse Mantega. Em agosto, o governo elevou a meta de exportações deste ano de US$ 152 bilhões para US$ 155 bilhões.

De acordo com as agências internacionais de classificação de risco, o Brasil atualmente está um degrau abaixo do investment grade. Em agosto, a Moody’s elevou as notas de risco de crédito do Brasil, seguindo as agências Fitch Ratings e Standard & Poor’s, que tinham tomado a mesma decisão em maio.

O ministro deu as declarações após participar de uma reunião em São Paulo com o grupo de investidores estrangeiros Rusell 20?20, que administra US$ 13 trilhões em fundos de investimentos em todo o mundo e analisa chances de negócios em países emergentes. No encontro, Mantega ressaltou que a economia brasileira é uma das mais abertas do mundo, sem a cobrança de impostos para investimentos estrangeiros nem para as remessas de lucro para o exterior.

A infra-estrutura e a construção civil foram os principais setores recomendados por Mantega. Na avaliação do ministro, essas atividades estão com a demanda em alta por causa do aquecimento da economia brasileira.

Mantega também recomendou o investimento no mercado financeiro e na indústria de transformação. ?Eu diria que hoje todos os setores da economia brasileira são atraentes. Desde o setor agrícola que vai aumentando sua escala de produção até o mercado de capitais que também vai muito bem?, ressaltou.

Para Mantega, a prova da solidez da economia brasileira está na reação do país à recente crise no mercado imobiliário norte-americano. Ele afirmou que o Brasil está em uma posição melhor do que antes do início das turbulências no mercado financeiro internacional. "Nosso risco hoje é menor do que antes da crise. A Bolsa de Valores está mais valorizada, portanto o Brasil teve uma reação muito sólida?, declarou.

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá amanhã (17) a nova taxa básica de juros, Mantega recusou-se a fazer previsões. Ele, no entanto, afirmou que, independentemente do resultado, a reunião não interferirá no ritmo de expansão da economia brasileira. ?O crescimento de 2007 já está estimado em 4,7% do PIB [Produto Interno Bruto] e o de 2008, em torno de 5%?, listou.

Mantega demonstrou otimismo sobre a aprovação pelo Senado da prorrogação da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) até 2011. Ele disse que o tributo não só é importante para garantir o equilíbrio das contas públicas como tem função social, ao ser aplicado no Bolsa Família, na saúde e na previdência.

?Ainda não tive ocasião para conversar com a parcela dos senadores que colocam questões em relação a isso, mas não será difícil demonstrar a necessidade da CPMF?, declarou. ?A solidez da economia brasileira depende do equilíbrio fiscal, que será abalado caso não se aprove o tributo.?

Voltar ao topo