Lula vai ao Oriente atrás dos dólares dos árabes

São Paulo – Desde 11 de setembro de 2001, os 22 países árabes deixaram de investir aproximadamente US$ 500 bilhões nos EUA. O principal objetivo da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cinco desses países é tentar atrair uma parcela desse dinheiro para o Brasil. Os investimentos estrangeiros são parte fundamental da política de desenvolvimento de infra-estrutura do governo, baseada nas parcerias entre os setores público e privado.

O presidente brasileiro não faz segredo de suas intenções. O próprio Lula confirmou o interesse em entrevista a jornalistas árabes. “Queremos ver o que é possível aperfeiçoar nas nossas relações com o mundo árabe. Ver o que os árabes têm que pode interessar a um país como o Brasil, mas também ver o que o Brasil tem que possa interessar ao mundo árabe. Temos projetos na área de hidrelétricas, na área de grandes ferrovias, de rodovias, na área de refinarias”, disse Lula.

Entre 3 e 10 de dezembro, Lula visitará cinco dos principais países árabes (Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia) acompanhado de cinco ministros (Fazenda, Desenvolvimento, Turismo, Cultura e Relações Exteriores), artistas, atletas (como o ex-piloto Emerson Fittipaldi), 45 empresários e dezenas de deputados e governadores. É a primeira visita de um mandatário brasileiro à região desde a viagem de dom Pedro II ao Egito e ao Líbano em 1870.

Em todos os países, além dos encontros com chefes de Estado, o governo fará seminários empresariais e rodadas de negócios. O objetivo é triplicar o comércio com os árabes, que em 2002 foi de US$ 4,9 bilhões, até o fim do mandato. Para isso, o governo investe pesado. A Secretaria de Comunicação, os ministérios do Desenvolvimento, Cultura, Turismo e a Câmara de Comércio Árabe-Brasil (CCAB) promoverão em Dubai, a capital comercial dos Emirados Árabes Unidos, a primeira semana brasileira na região, para vender produtos brasileiros no Oriente Médio.

“A idéia não é vender apenas uma torneira, mas o prédio inteiro”, sintetizou o presidente da câmara de comércio, Paulo Atallah. A semana brasileira em Dubai será o ponto alto da viagem. Os organizadores pretendem aproveitar a presença de Lula na cidade para divulgar o evento que contará com a participação de 86 empresas brasileiras.

O investimento no intercâmbio com os países árabes significa lucro certo. Em 2000, a CCAB promoveu a primeira rodada de negócios no Rio. Em quatro meses, as empresas participantes conseguiram o retorno do investimento. Lula resumiu a questão usando uma de suas folclóricas metáforas: “Ninguém se casa com quem não conhece. Tem que conhecer para casar”. Além disso, o presidente articula a criação de um bloco comercial que inclua o Mercosul e os 22 países da Liga Árabe, como alternativa à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e à dependência que tanto os países sul-americanos quanto os árabes têm dos EUA e Europa. Há cinco meses, o Itamaraty está em contato com todos os chefes de Estado envolvidos. A idéia é realizar uma reunião de cúpula no Rio em maio de 2004.

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