Lula garante que não haverá apagão até 2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em seu programa de rádio ?Café com o Presidente?, que os projetos desenvolvidos durante seu governo garantem o fornecimento da energia necessária ao país até ?2009 ou 2010?. Com o crescimento econômico do país, alguns analistas já questionam se haverá energia suficiente dentro de poucos anos. Lula lembrou o apagão de 2001, ocorrido no governo Fernando Henrique Cardoso. Sem citar nomes, ele afirmou que a falta de energia causou ?enormes prejuízos? e foi gerada por ?desleixo?.

Na época, houve forte estiagem, baixando o nível de água dos reservatórios e reduzindo a capacidade de geração de energia das usinas hidrelétricas. Para o presidente, no entanto, provas do ?desleixo? são a não-construção de novas hidrelétricas ?durante muito tempo? e a falta de interligação entre as linhas de transmissão de energia.

O presidente disse também que o apagão de 2001 gerou custos maiores para empresas e consumidores devido à contratação de usinas térmicas emergenciais, que aumentavam a capacidade de fornecimento, mas que tinham receitas garantidas pelo governo mesmo que permanecessem desligadas. ?Nós pagamos duas vezes. Pagamos porque não usamos a energia e depois pagamos porque tivemos de garantir o lucro das empresas (com um encargo que até hoje é cobrado nas contas)?, afirmou .

Lula afirmou ainda que em seu governo foram construídos 9.627 km de linhas de transmissão e que outro leilão, a ser realizado nesta quinta-feira, vai envolver outros 3.422 km. Concluídos esses projetos, que consumirão um total de R$ 8 bilhões, todo o sistema de energia brasileiro estará interligado.

?Então, quando tiver excesso de energia no Norte do país, você pode transferir a energia para outra região. Quando tiver excesso de energia aqui no Centro-Oeste, você pode transferir essa energia, por causa das linhas de transmissão que nós fizemos, para outras regiões do país, evitando assim que ocorra um novo apagão.?

O presidente também informou que há 15 hidrelétricas e duas termelétricas em construção e que haverá um novo leilão de usinas em dezembro.

?Com os projetos que estamos fazendo e com o que já foi feito, estamos garantidos pelo menos até 2009, 2010. E com os projetos que estão em andamento, nós pretendemos garantir sempre por cinco, seis, até dez anos à frente, para que a gente não corra nenhum risco na produção de energia no nosso país.?

Leilões

No leilão de linhas de transmissão que acontece na próxima quinta, serão disputadas concessões para sete lotes com 21 linhas de transmissão e oito subestações localizadas em sete estados (Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul) e no Distrito Federal.

Os novos empreendimentos irão reforçar e ampliar a rede básica de transmissão de energia com aproximadamente 3 mil quilômetros novos de linhas que deverão entrar em operação no prazo máximo de 24 meses após a assinatura dos contratos.

Os investimentos estimados alcançam R$ 2,8 bilhões, com a criação de 8.800 empregos diretos. O leilão será realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, mas conduzido pela Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Já o leilão de usinas hidrelétricas deve acontecer em 16 de dezembro.

Oposição

O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), afirmou ontem que todos os projetos para a área de energia do governo Lula foram iniciados durante a gestão Fernando Henrique Cardoso. Goldman rebateu as críticas do presidente, para quem o apagão de 2001 teria ocorrido devido ao ?desleixo? com a política energética. Durante seu programa de rádio, Lula não citou seu antecessor nominalmente, mas afirmou que, na época, a falta de investimentos em geração e transmissão de energia levaram ao apagão.

Para o líder tucano, no entanto, esses projetos em desenvolvimento começaram no governo Fernando Henrique Cardoso. ?Em termos de produção de energia este governo não conseguiu iniciar uma única obra. A demonstração de incompetência é mais do que flagrante?, afirmou. ?O Lula não tem o que falar sobre o seu governo. Fala do que se passou há três anos. Ele foi eleito para governar, trabalhar e não ficar fazendo alusões e críticas ao governo anterior em todos os pronunciamentos?, atacou Goldman.

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