Lula e Kirchner falam de integração

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse ontem, ao chegar para a Cúpula América do Sul-Países Árabes que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Néstor Kirchner, da Argentina, e Hugo Chávez, da Venezuela, manifestaram, em encontro na noite de segunda-feira, o interesse de que o processo de integração entre os três países se desenvolva mais rapidamente.

Segundo Garcia, o tema integração ficou claro na área petrolífera. ?Se anunciou concretamente a disposição de acelerar os investimentos brasileiros na Venezuela e acelerar a instalação de uma refinaria da Petrobras, com participação Argentina, no Nordeste, bem como examinar de forma rápida o programa de prospecção de gás pelas empresas dos três países?, revelou Garcia.

Chávez, de acordo com Garcia, demonstrou interesse em estabelecer mecanismos de financiamento ou desenvolvimento na região. ?Estaremos estudando esses mecanismos, desde a criação de bancos de fomento na região até a utilização dos instrumentos já existentes, para que estes processos de financiamento se tornem mais ágeis?, disse.

Chávez compartilhou com Lula e Kirchner a preocupação com a área social. A sugestão do presidente venezuelano foi a formação de um fundo de apoio social que possa beneficiar os países que enfrentam maior dificuldade na região.

Kirchner volta

O presidente argentino Nestor Kirchner retornou ontem, no final da tarde, para Buenos Aires. As negociações entre Brasil e Argentina vão continuar no mês que vem, quando o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, vai a Buenos Aires. Segundo Palocci ?o diálogo dos últimos dias – a respeito da integração econômica – foi muito positivo?. E concluiu: ?Penso que as relações comerciais de Brasil e Argentina estão muito equilibradas. O clima entre nossas equipes é excelente?.

Em virtude do retorno de Kirchner no final da tarde, foi desmarcado o encontro reservado que estava previsto entre o presidente argentino e o presidente Lula, para tratar dos problemas diplomáticos entre os dois países, agravados por declarações atribuídas ao governo argentino nas últimas semanas contra a política externa brasileira.

Argentina fará mais reivindicações ao Brasil

O ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, anunciou ontem, em Brasília, que apresentará uma nova proposta ao Brasil para equilibrar o comércio dentro do Mercosul. Também ontem, autoridades argentinas anunciaram que o presidente Néstor Kirchner antecipou para o final da tarde seu retorno para o país vizinho e não estará presente no encerramento da cúpula entre América do Sul e Países Árabes.

Lavagna confirmou que a Argentina vai propor ?mecanismos estruturais? para equilibrar o comércio e favorecer o desenvolvimento de todos os países do Mercosul. O ministro não detalhou a proposta. No ano passado, a Argentina chegou a apresentar um plano para a adoção de mecanismos de salvaguarda (barreira comercial) para evitar assimetrias no intercâmbio de produtos entre os países do bloco.

Após conquistar o apoio dos outros dois países-membros do Mercosul – Paraguai e Uruguai – o Brasil conseguiu que a Argentina desistisse de pleitear as salvaguardas.

?Nós (a Argentina) apresentamos uma proposta em setembro, eles (o Brasil) contestaram em fevereiro e agora nós estamos apresentando outra?, disse Lavagna.

No Rio de Janeiro, ainda sem conhecer as declarações de Lavagna, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que a posição do Brasil é de não considerar o sistema de salvaguardas unilaterais porque seria o ?enterro do Mercosul?.

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