Lula critica projeções negativas do FMI para o Brasil

O presidente Luiz Inácio da Silva criticou hoje as projeções negativas para a economia brasileira, divulgadas ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). “O Brasil só deu certo quando foi dono do próprio nariz e não aceitou que pessoas de fora dissessem o que tínhamos que fazer”, disse Lula, em discurso durante almoço no Palácio San Martín, em Buenos Aires, oferecido pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Ontem, o FMI cortou a projeção de expansão para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e prevê agora declínio de 1,3% em 2009, ante estimativa anterior de crescimento de 1,8%, feita em janeiro deste ano.

“Se fossem tão fiscalizadores de crises como foram da Argentina e do Brasil, saberíamos da (atual) crise mundial três anos antes. Agora, começam a dizer o quanto o Brasil vai crescer, quanto a Argentina vai crescer. Mas as pessoas já não podem mais tratar a América do Sul como nos anos 1980 e 1990, que qualquer um do (hemisfério) Norte dizia o que tínhamos que fazer e qual política fiscal tínhamos que adotar”, disse Lula.

No almoço, o presidente Lula convocou todos os ministros presentes e a própria anfitriã a pararem de falar em crise. “Temos que falar em pós-crise, porque tenho consciência que os EUA estão em uma situação muito mais complicada e eu tenho a convicção de que a integração Argentina-Brasil é a melhor, maior e eficaz oportunidade de os dois países saírem desta crise”, afirmou. “Minha amiga Cristina e meus amigos argentinos, estejam certos, esta crise venceremos juntos”, acrescentou.

Lula disse que seus adversários no Brasil torcem às vezes para que a crise aumente. “Eu não tenho medo de crise, porque sou de região pobre, onde se o menino tiver medo, nem nasce”. Neste contexto, Lula disse a Cristina que os dois países têm a “oportunidade de fazer tudo aquilo que não pudemos fazer antes, porque tínhamos normas da Basileia, do FMI e do Banco Mundial”. Lula referia-se à última reunião de cúpula do G-20, em Londres, no início deste mês. Segundo ele, o Brasil e a Argentina começaram então a ser ouvidos pelos países desenvolvidos.

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