Lucro do Banco do Brasil cresce 96,5%

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Rossano Maranhão: crescimento na base de clientes.

 O Banco do Brasil registrou, na primeira metade de 2006, o maior lucro líquido semestral de sua história: R$ 3,9 bilhões. O resultado foi maior do que o obtido pelos principais bancos privados do País, como o Bradesco (R$ 3,132 bilhões) e o Itaú (R$ 2,958 bilhões). O lucro líquido dos primeiros seis meses de 2006 supera em 96,5% o resultado do mesmo período de 2005, que foi de R$ 1,979 bilhão. Só o Tesouro Nacional, acionista majoritário da instituição com 70,9% do capital do banco, receberá R$ 1,1 bilhão. Outros R$ 500 milhões serão distribuídos entre os demais acionistas.

O presidente do BB, Rossano Maranhão Pinto, reconheceu que parte do lucro líquido da instituição deveu-se a receitas extraordinárias. No primeiro trimestre o Banco do Brasil pôde incrementar seu resultado com a incorporação de créditos tributários da ordem de R$ 1,5 bilhão. No segundo trimestre, o lucro foi engordado pelo acordo com a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do banco. Os sindicatos que tinham entrado na Justiça contra a paridade (contribuição idêntica para a patrocinadora e associados) desistiram da ação. Com isso, o superávit apurado na Previ no ano de 2000 pôde, finalmente, ser dividido meio a meio com a patrocinadora. Cerca de R$ 880 milhões entraram nos cofres do BB.

Maranhão ressaltou, no entanto, que mesmo sem as receitas extraordinárias o lucro da instituição estaria no mesmo nível dos demais bancos. O resultado seria da ordem de R$ 2,9 bilhões graças, sobretudo, à elevação da base de clientes e ao aumento da carteira de crédito. Em 12 meses, o BB agregou 1,8 milhão de novos clientes – 800 mil deles no primeiro semestre do ano. O saldo das operações de crédito, incluindo as da área externa, atingiu em junho último R$ 113,1 bilhões, com crescimento de 17,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Entre as operações de crédito que mais cresceram, o presidente do BB destacou as operações com pessoas físicas que, em junho, alcançaram um saldo de R$ 20,5 bilhões, com crescimento de 22,4% em relação a dezembro de 2005. Dentro das operações com pessoas físicas, a modalidade de crédito que mais se destaca é o consignado, com crescimento da carteira de 136,1% em 12 meses e de 58,5% no semestre. O crédito consignado no BB alcançou, em junho, saldo de R$ 6 bilhões.

Por outro lado, a crise na agricultura, provocada pelas secas no sul do País e pela queda do dólar ante o real, que reduziu a renda no campo, forçaram o Banco do Brasil a elevar em R$ 1,4 bilhão a provisão para créditos de liquidação duvidosa. Com isso o nível de provisionamento saltou de R$ 2,483 bilhões no 1.º semestre do ano passado para R$ 4,056 bilhões no 1.º semestre deste ano.

Apesar do aumento da inadimplência do setor rural, o BB vem conseguindo melhorar seu desempenho na concessão de crédito. O nível de inadimplência da instituição, que já foi cerca de 5 pontos percentuais acima dos de mercado, agora já se equipara ao dos demais bancos. Pelos dados divulgados pelo BB, o índice de inadimplência das operações vencidas há mais de 15 dias é de 12,8% na instituição e de 14,2% no sistema financeiro. Nas operações em atraso há mais de 90 dias o índice de inadimplência é de 6,8% no BB e de 7,2% no sistema financeiro.

Até o final do ano a Previ, mais uma vez, vai dar uma pequena contribuição para o resultado do BB. Devido ao superávit sucessivo dos últimos três anos, o fundo de pensão resolveu diminuir a contribuição dos funcionários e patrocinadora em 40%. Para o BB, é uma economia de R$ 180 milhões no ano.

Para o futuro, o Banco do Brasil pretende aumentar seus lucros ao entrar num nicho importante, que é o do financiamento imobiliário. ?O crédito imobiliário é importante para a fidelização da clientela?, disse Maranhão. Ele explicou que não se trata de competir com a Caixa Econômica Federal, mas que é um produto que falta na prateleira do BB. ?Precisamos dispor dos mesmos instrumentos dos concorrentes?, observou.

Caixa controla todo o sistema lotérico do País

Brasília (ABr) – Começou a funcionar ontem, em todo o País, o novo sistema lotérico da Caixa Econômica Federal (CEF). A troca de sistema começou em fevereiro deste ano e, desde então, cerca de 21 mil máquinas foram instaladas. Com a implementação do modelo lotérico, a empresa estatal passa a ter o controle do negócio no País.

O novo sistema substitui o que era usado pela multinacional Gtech, que desde 1997 operava os serviços de informática nas cerca de nove mil casas lotéricas associadas à CEF.

Com o envolvimento em crimes como improbidade administrativa, corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crime contra o procedimento licitatório, a Gtech foi levada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. No relatório, a comissão pediu o indiciamento dos donos da multinacional.

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), entre 97 e 2003, a Caixa teve um prejuízo de R$ 433 milhões no contrato com a Gtech. O banco estatal recebeu do TCU a recomendação de rescindir o contrato com a Gtech, dividindo a prestação de serviços. Mas a multinacional conseguiu na Justiça impedir a alteração do acordo.

No início de 2003, dependente do sistema de loterias da Gtech e correndo o risco de ter esse serviço paralisado, a Caixa renovou o contrato com a empresa norte-americana por 25 meses. Em depoimento à CPI dos Bingos, o procurador-geral da República, Lucas Furtado, disse que a Caixa tornou-se ?refém? da Gtech.

?Apesar de a Caixa fazer de tudo para se livrar dessa multinacional, decisões judiciais sempre garantiram à Gtech a continuidade de um trabalho bastante lucrativo?, disse Furtado na época. Segundo o procurador, de 1997 até 2003, antes da renovação do contrato, a CEF pagou à Gtech R$ 3 bilhões.

Em outros países, a Gtech também esteve envolvida em denúncias de irregularidades com sistemas de loteria. Nos Estados Unidos, um representante de vendas da empresa foi preso em 1996 em Nova Jersey por tentativa de suborno e fraude em contratos com a loteria local. Na Inglaterra, a Comissão Nacional de Loteria, que regula o setor, fez uma auditoria na qual descobriu que um programa de computador desenvolvido pela Gtech alterava o resultado final dos jogos.

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