Leilão de propriedades agrícolas na Lapa

Pequenos produtores da região de Lapa e Contenda ainda amargam os prejuízos de não conseguirem quitar suas dívidas junto aos bancos e à União. A prova é que muitos têm perdido suas terras, bens e maquinários por não arcar com o montante de financiamentos feitos há quase 15 anos. Hoje, na Lapa, acontece o segundo leilão realizado pelos bancos para execução das dívidas dos agricultores, com 61 itens à venda. Além dos maquinários, 20 propriedades onde vivem e trabalham as famílias serão leiloadas.

Os devedores que têm perdido suas terras são pequenos produtores de batata, feijão e cebola, membros de famílias agricultoras tradicionais. Entre os anos de 1994 e 1998, eles obtiveram financiamentos junto aos bancos em uma época de incentivo à produção desses itens. ?Mas no mesmo período abriu-se as portas para o mercado livre do Sul e os produtos da Argentina vinham com preço abaixo do nosso custo?, lembra o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (SRT) de Contenda, Miguel Treziak.

A difícil concorrência, aliada a perdas por questões climáticas e aos altos juros cobrados à época, levou muitos agricultores a contrair dívidas que se tornariam verdadeiras bolas-de-neve. ?Hoje, são em média 60 agricultores das regiões de Contenda e Lapa nessa situação?, contabiliza o sindicalista. Parte dessas dívidas foi repassada dos bancos à União, sendo que as que já estão indo à execução são as que continuam nas mãos das instituições financeiras. ?Mesmo assim, os que devem à União acabarão tendo o mesmo fim?, lamenta o assessor jurídico da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep), João Batista de Toledo.

O advogado afirma que os agricultores não pedem o perdão das dívidas, mas uma readequação do custeio, sem implicação de tantos juros e correção monetária. ?Não acontece em outra parte do mundo o que estamos vendo aqui: por financiamento de custeio de uma lavoura, nem mesmo vendendo uma propriedade inteira se paga a dívida. Se não houver compreensão do governo e dos bancos nesse sentido, haverá uma reforma agrária aos inversos, tirando a terra de pessoas que a têm como sua única fonte de subsistência e tornando-as sem terra?, teme o assessor.

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