Leão e Rachid na corda bamba

Brasília – O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, deu ontem um ultimato ao secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e ao corregedor-geral do órgão, Moacir Leão: se não superarem as divergências, poderão ser demitidos. Palocci convocou Leão e Rachid para uma “conversa franca” – a primeira desde a divulgação de trechos das conversas de auditores e do secretário da Receita Federal, que deram visibilidade a uma disputa de poder no órgão.

O ministro da Fazenda foi pressionado para demitir Leão, Rachid e alguns auditores da secretaria. Mas fez prevalecer o entendimento de que, primeiro, deveria haver uma conversa tête-à-tête entre o corregedor e o secretário da Receita, na qual se colocaria como árbitro da crise instalada no sétimo andar do prédio do Ministério da Fazenda.

“A conversa foi muito franca e ambos entenderam a preocupação de Palocci”, comentou uma fonte do governo. A preocupação do ministro da Fazenda expressa aos dois auxiliares foi clara: no ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode haver esse tipo de divergência e disputa pública de poder. Palocci não quer cometer erro nesse caso. Ele defendeu, na reunião, que os dois auxiliares se empenhem em estabelecer uma convivência respeitosa em relação a suas carreiras.

Antes da reunião, o ministro da Fazenda e sua assessoria se deram ao trabalho de ler todas as reportagens publicadas na imprensa, nos últimos dias, com a transcrição de trechos da escuta telefônica, autorizada judicialmente, realizada pela Polícia Federal (PF).

O governo entendeu, segundo a mesma fonte, que, em nenhum momento, a transcrição das fitas evidencia uma ação deliberada por parte do secretário da Receita Federal para dificultar a ação de Leão.

Ao contrário, o entendimento é de que a posição de Rachid foi a de conter seus auditores e trabalhar para coletar informações que desmontem as interpretações de que atua para impedir o trabalho de Leão.

“Os diálogos não mostram nada”, afirma a fonte. “Pode-se até entender que há uns exageros de linguagem, mas não há qualquer indicativo de uma ação contra a corregedoria”, insistiu.

Diante desse entendimento, Palocci convocou e enquadrou os dois auxiliares. “O ministro Palocci não quer errar. Ele quer primeiro, possibilitar um entendimento entre os dois”, disse ainda uma fonte do governo.

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