Kirchner anuncia fim da moratória argentina

O presidente argentino, Néstor Kirchner, disse ontem que ?foi um sucesso? a troca de títulos da dívida da Argentina, de US$ 81,8 bilhões (R$ 211,4 bilhões). ?Estamos nos recuperando da pior crise de nossa história?, disse Kirchner durante discurso na sessão de abertura do ano legislativo no Congresso. ?Com um grande esforço, nosso país deixou para trás a moratória.?

O presidente argentino disse que desafiou as expectativas dos analistas e conseguiu conduzir com sucesso a reestruturação da dívida do país.

Kirchner não mencionou qual a parcela dos detentores de títulos – institucionais e privados – que aderiram ao plano de renegociação, mas disse que o governo deverá divulgar um relatório com o nível de adesão amanhã (3).

As estimativas no mercado são de que a adesão tenha chegado a 75%. O prazo de adesão encerrou-se na última sexta-feira (25), e não deverá haver prorrogações ou renovações de prazo, como disseram diversas autoridades do governo argentino, como o próprio Kirchner e o ministro da Economia, Roberto Lavagna.

O governo argentino efetuou, entre os dias 14 de janeiro e 25 do mês passado, uma troca de títulos de dívidas com pagamento suspenso por outros papéis, só que com um deságio (desconto) de até 75% se considerados os juros não-pagos no período de calote. Ou seja, para cada US$ 100 de dívida, o credor receberia no futuro até um mínimo de US$ 25 – mas ao menos receberia.

Kirchner ainda aproveitou para dirigir críticas veladas à administração de Carlos Menem (1989-1999). ?Não somos o governo do default, nem da conversibilidade, nem do endividamento externo.?

Na Argentina, a expectativa dos empresários é que a renegociação reabra as linhas de crédito para o país, para que haja novos investimentos em expansão de produção e para até mesmo voltar a ter participação nos mercados mundiais de capitais.

Crescimento

A economia da Argentina vem retomando sua trajetória de crescimento. O governo estima uma expansão de 8% neste ano. No ano passado a Argentina cresceu 8,8%, registrando seu segundo ano consecutivo de crescimento.

Em dezembro de 2001, a Argentina mergulhou na crise, depois de anos de recessão, e declarou a moratória de sua dívida. No auge da crise, o governo congelou contas bancárias e desvalorizou o peso, erodindo as poupanças, o que gerou protestos nas ruas e conflitos da população com a polícia.

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