Juro do cheque especial cai 20 pontos em 2 meses

As taxas de juros cobradas pelos bancos no cheque especial devem fechar setembro com uma queda de 20 pontos percentuais em relação a julho. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, os juros caíram de 173,9% para 163,9% ao ano entre julho e agosto. Além disso, os juros devem ter caído mais 10 pontos percentuais em setembro, para 153,9% ao ano, segundo estimativas preliminares do chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Ele disse que, se confirmados os números, a taxa de setembro será a menor já registrada desde julho de 2001, quando os juros do cheque especial eram de 150% ao ano.

Selic

A redução dos juros acompanha os quatro cortes consecutivos da taxa básica da economia brasileira – a Selic. Entre junho e setembro, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) reduziu os juros de 26,5% para 20% ao ano.

O movimento de agosto reflete ainda a queda no spread bancário (ganho das instituições com operações financeiras). Em agosto, a taxa de captação caiu de 22,5% para 21,4% ao ano e o spread passou de 32,4% para 31,3% ao ano.

Por isso, ainda de acordo com os números divulgados pelo BC, em agosto a taxa média cobrada pelos bancos caiu de 54,9% para 52,7% ao ano. Essa é a menor taxa de juros desde dezembro de 2002, quando os bancos cobravam, em média, 51% ao ano.

Crédito pessoal

As operações de crédito pessoal registraram queda de 4,2 pontos percentuais nos juros. De acordo com os dados do BC, a taxa média para essas operações passou de 91,7% para 87,5% ao ano. Para aquisição de bens, a pessoa física pagou em média juros de 45,6% ao ano, contra os 47,1% ao ano do mês anterior.

Com relação às pessoas jurídicas, a maior queda foi registrada nas operações para desconto de duplicatas (2,8 pontos percentuais). A taxa média para esse tipo de operação caiu de 54,5% para 51,7% ao ano. A conta garantida, que funciona como cheque especial das empresas, teve uma redução de 2,5 pontos percentuais na taxa de juros, somando 78% ao ano.

As operações de “hot money”, que são de curtíssimo prazo, no máximo 29 dias, registraram redução de 1,7 ponto percentual na taxa de juros, que ficou em 56,6% ao ano em agosto.

Volume de crédito permanece estável

O volume das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 384,993 bilhões em agosto, um aumento de apenas 0,6% em relação ao volume disponível no mês anterior. O dado, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que o pacote de medidas lançado pelo governo para facilitar o acesso ao crédito e elevar o consumo, ainda não levaram a um aumento significativo dos empréstimos.

Além de reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira (a Selic) por quatro meses consecutivos, de 26,5% para 20% ao ano, o governo também reduziu o recolhimento compulsório sobre depósitos à vista dos bancos de 60% para 45% e ainda anunciou medidas de incentivo ao microcrédito.

Outras medidas anunciadas, só que somente nos últimos dias, foram a abertura de novas linhas de crédito para a compra de material de construção e eletrodomésticos e a concessão de empréstimos com desconto direto na folha de pagamento dos assalariados.

“Elevação discreta”

Se tomados apenas os recursos livres, aqueles que podem ser livremente direcionados pelos bancos, sem exigibilidade de aplicação em crédito habitacional ou rural, o volume de crédito somou R$ 214,2 bilhões em agosto, um aumento também de 0,6% em relação a julho.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou que as concessões médias apresentaram “elevação discreta” em agosto de 2,1% para pessoa jurídica e de 3,7% para pessoa física.

No entanto, ele ressaltou que esse movimento pode ser creditado à sazonalidade do período, em decorrência do Dia dos Pais. Mas, Lopes acredita já ser esse “algum prenúncio de recuperação do crédito”.

Compulsório

De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional e Banco Central, em agosto, registrou-se pela primeira vez no ano aumento da liquidez no mercado financeiro, o que foi controlado com operações de tomada de recursos pelo BC.

No entanto, esse aumento na liquidez, de R$ 45,4 bilhões para R$ 57,6 bilhões, não se refletiu em aumento da oferta de crédito. Na verdade, o efeito da redução do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista ainda não se fez sentir por completo em agosto, uma vez que a redução produziu efeitos a partir do dia 20 do mês passado.

As taxas de inadimplência apresentaram ligeira queda em agosto. A taxa média de inadimplência ficou em 8,6% contra os 8,7% de julho. Já a inadimplência da pessoa física caiu de 15,1% para 14,8%.

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