IPCA subiu e atingiu 0,72% em setembro

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 0,72% em setembro, ante 0,65% em agosto, como resultado da pressão cada vez mais intensa e generalizada do dólar sobre os preços no varejo. O índice, que já acumula alta de 5,6% no ano, começa também a acender o sinal de alerta para uma possível estabilidade ou elevação da taxa básica de juros. Para a gerente do Sistema de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, a variação cambial está ?contaminando? vários produtos.

Ela lembrou que os impactos do dólar sobre a inflação começaram a se intensificar em agosto, especialmente sobre os alimentos, mas em setembro esse efeito foi mais disseminado. Segundo Eulina, essa contaminação vem ocorrendo devido à pressão de custos, como de embalagens ou demais insumos.

Os produtos alimentícios, pressionados pelo câmbio, subiram 1,96% e representaram sozinhos uma contribuição de 0,43 ponto porcentual, ou 60% da inflação do mês. Os principais aumentos foram registrados em produtos com impacto direto do dólar, como óleo de soja (14,23%) e farinha de trigo (10,71%).

Nos demais casos, a disseminação do impacto do dólar elevou os preços desde artigos de limpeza (1,73%, sob pressão dos custos das embalagens) até óculos e lentes (1,32%, com repasse do aumento das armações importadas). Outros destaques de reajuste foram jóias e bijuterias (2,32%) e TV, som e informática (1,97%).

A inflação de setembro só não foi maior porque a queda no preço do gás de cozinha (-7,61%) ajudou a conter a alta do índice, segundo Eulina. A redução de 12,4% dos preços do produto nas refinarias a partir de 19 de agosto, determinado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), já havia contido a alta da inflação em agosto, quando o produto teve queda de 3,11%. Mas esse efeito foi mais intenso em setembro, quando o gás de cozinha representou uma contribuição negativa de 0,13 ponto porcentual. Ou seja, se o preço do produto ficasse estável, por exemplo, a inflação do mês atingiria pelo menos 0,85%.

Os dados do IBGE revelaram também que, mais uma vez, a inflação foi maior para a população de baixa renda. O INPC (renda de um a oito salários mínimos) atingiu 0,83%, bem superior ao IPCA. Eulina explicou que a inflação para as pessoas de renda mais baixa sofre maior impacto dos produtos alimentícios.

Voltar ao topo