Montadoras

Ipardes descarta que PLR comprometa novos investimentos

 

Os ganhos salariais e em Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos funcionários das montadoras instaladas em Curitiba e Região Metropolitana (RMC), não devem afetar novos investimentos do setor no Paraná, ao contrário do que afirmou na quarta-feira (04) o presidente da Volskswagen do Brasil Thomas Schmall.

Gilmar Lourenço, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), avalia que a situação vivenciada pelos trabalhadores do setor ilustra o bom momento dos fabricantes e a natural transferência de parte dos lucros acumulados para os respectivos colaboradores.

“O aumento da massa salarial dos funcionários das montadoras foi tão significativo que interferiu diretamente na média de salários pagos na Região Metropolitana, chegando a R$ 1,7 mil no mês de março, um dos valores mais altos da série do Ipardes e o maior do Brasil no referido mês”, destaca Lourenço.

“De maneira geral, as montadoras elevaram o lucro e como a categoria dos trabalhadores dessas empresas é forte, há uma pressão para que haja uma transferência maior desse ganho adicional”.  Lourenço acredita que essa forte valorização da mão-de-obra da RMC recue no segundo semestre.

“As medidas macroprudenciais de contenção da inflação vão apresentar os efeitos aguardados no segundo semestre, o que causará uma retração. Por isso que os trabalhadores estão se resguardando”, aponta o presidente do Ipardes, acrescentando que a média salarial da RMC fatalmente apresentará queda.

Na opinião do professor de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Fábio Tadeu Araújo, o aumento no custo da mão-de-obra paranaense e brasileira não representa um obstáculo a novos investimentos. Para ele, o câmbio é o grande razão de preocupação de quem produz no Brasil.

“O câmbio baixo pode afugentar novos investimentos, até porque há três anos a nossa moeda foi a que mais se valorizou no mundo, o que tira a competitividade dos nossos produtos. No que se refere ao setor automotivo, o Brasil perdeu mercados cativos na América do Sul por conta do câmbio nesses patamares”, alerta. “Quanto ao mercado interno, ainda é viável estar no Brasil para vendar aqui, mas o câmbio precisa ser revisto porque os asiáticos já estão conseguindo ser competitivos até no mercado brasileiro”, analisa.