Investidor estrangeiro ainda pessimista

Washington  – Apesar dos esforços e das reiteradas declarações de que “o mundo vive uma crise com a expectativa de guerra, a quase estagnação da economia americana e a onda de fraudes de balanços”, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, deixaram a reunião da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) – realizada anteontem nesta cidade, no último dia do encontro do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) – com os investidores e bancos estrangeiros ainda céticos sobre a estabilidade no Brasil.

A pergunta que muitos analistas se faziam era qual será a equipe econômica de Lula, que por enquanto lidera as pesquisas de intenção de votos.

– O Armínio Fraga é muito competente, mas a situação do país é de turbulência – dizia um analista de um grande banco inglês.

– O mercado vai continuar nervoso – disse o ex-presidente do BNDES e um dos criadores do real, o economista Edmar Bacha, também consultor do banco de investimentos BBA. Mas para ele, a impressão geral é a de que o Brasil não vai quebrar. Esta foi também a mensagem de Fraga e Malan durante a reunião: a de que o próximo presidente do Brasil, seja quem for, encontrará uma situação equilibrada, com dívida externa que não preocupa e interna administrável.

– Ainda assim, há uma aversão ao risco muito grande e uma atitude de “vamos esperar para ver no que vai dar” – disse Bacha.

Na reunião de autoridades e investidores no Banco Mundial, o economista-chefe para América Latina do Deutsche Bank, Leonardo Leiderman, disse a Pedro Malan que os mercados precisam de fatos, não de anúncios. Ele acha que a relação entre a dívida interna e o PIB é insustentável.

Não é o que pensa Tulio Vera, chefe da pesquisa de dívida de mercados emergentes da Merrill Lynch, que promoveu um seminário sobre mercados emergentes nos mesmos dias e hotel em que a Febraban se reuniu.

– Eu diria que os mercados estão preocupados (com o Brasil), a situação é muito frágil, com os C-Bonds abaixo de 50 e o dólar em R$ 3,87 ou qualquer coisa assim – disse. -É um cenário preocupante, que torna a dinâmica da dívida muito complicada. Não acho que os mercados tenham jogado a toalha, mas acho que estão todos muito preocupados, não apenas por causa do país, mas por causa das implicações na América Latina.

Houve quem defendesse o país: Paulo Leme, diretor de pesquisa de mercados emergentes do Goldman Sachs, e a economista Eliana Cardoso, defenderam a sustentabilidade da situação brasileira.

– O que os incomoda é verem essa situação e não entenderem que é uma crise de confiança e que nós temos condições de reverter essa quadro. Isso está nas mãos do próximo presidente. A mensagem que dou ao mercado é: não apostem que o Brasil vai se atirar pela janela.

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