Inflação preocupa, mas há espaço para cortes no juro

O Banco Central voltou a afirmar que a gradual flexibilização da política monetária não compromete as conquistas dos últimos meses. No entanto, alerta para a elevação da projeção de inflação para 2006, embora continue abaixo da meta de 4,5%, o que indica que ainda há espaço para a redução da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). As informações estão na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada entre os dias 17 e 18 de janeiro, que reduziu os juros de 18% para 17,25% ao ano, divulgada ontem.

?A flexibilização gradual da política monetária não comprometerá as importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na preservação do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real?, diz o documento.

O BC, entretanto, tornou-se constante alvo de críticas desde que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou há cerca de dois meses que o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 1,2% no terceiro trimestre.

O ministro Luiz Marinho (Trabalho), ao divulgar o resultado da criação de postos de trabalho formais em 2005, chegou a afirmar que a queda de 18% observada em relação ao ano anterior teria sido causada pelos juros do BC.

Inflação

Na ata divulgada ontem, o Copom também afirma que aumentou a probabilidade da convergência da inflação para a trajetória de metas. ?Para que essa maior probabilidade continue se traduzindo em resultados efetivos, entretanto, é preciso que os indicadores prospectivos de inflação sigam apresentando elementos compatíveis com o cenário benigno que tem se configurado nos últimos meses.?

A projeção de inflação no cenário de referência – que considerada a manutenção da taxa de juros por 12 meses – aponta para um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) abaixo de 4,5%. No entanto, houve uma elevação em relação à reunião anterior. No entanto, a ata não revela de quanto é a projeção exata.

Já a previsão de mercado, feita antes da última reunião, era de um IPCA de 4,58% em 2006.

O BC afirma ainda que acompanhará de forma atenta o cenário da inflação para então definir os próximos passos da política monetária. Desde setembro do ano passado, a taxa Selic já passou por cinco cortes.

?Tendo em vista as incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária e os riscos associados aos cenários traçados em cada momento, o comitê avalia que será necessário acompanhar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária?, revela a ata.

De acordo com o documento, a inflação no início do mês ficou acima do esperado. A inflação medida pelo IGP-10 (Índice Geral de Preços -10) foi de 0,84% em janeiro – maior patamar desde abril do ano passado.

?Em boa medida, a alta recente se deve a fatores pontuais, de caráter predominantemente sazonal, que deverão ter impacto sobre a inflação do primeiro bimestre do ano, apresentando arrefecimento ao longo do tempo, sem que, necessariamente, observemos contaminação para horizontes mais longos.?

Atividade

Na avaliação da autoridade monetária, a trajetória de expansão está condizente com as condições de oferta, o que não irá gerar pressões inflacionárias.

Para o BC, a política monetária tem combatido as pressões de curto prazo e tem contribuído também para ?a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável em horizontes mais longos?.

Gasolina e gás de cozinha não vão aumentar este ano

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, revela que o Banco Central mantém a estimativa de aumento zero para gasolina e gás de cozinha em 2006. Na reunião, ocorrida em 17 e 18 de janeiro, o Copom baixou a taxa básica de juros (Selic) para 17,25% ao ano.

O Copom também manteve a estimativa de reajuste de 4,2% nas tarifas residenciais de eletricidade. O comitê também manteve a estimativa do Relatório de Inflação para o reajuste das tarifas de telefonia fixa em 2006 (+2,5%).

O Copom prevê que o conjunto dos preços administrados (serviços públicos com tarifas reajustadas por contrato) deve aumentar 4,6% em 2006. Os administrados têm peso total de 33,33% no IPCA. A previsão também já constava do Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo Banco Central em dezembro.

O Copom também manteve a previsão do Relatório de Inflação de reajuste de 6,2% dos preços administrados em 2007. A previsão do Copom já leva em conta a nova composição do IPCA, na qual o grupo de preços administrados vai passar a incluir produtos farmacêuticos e a excluir o álcool combustível.

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