Inflação pesou mais para terceira idade em 2007, revela FGV

Rio de Janeiro – A inflação para a população brasileira acima de 60 anos de idade subiu mais no ano passado do que para o total da população. É o que revela o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade(IPC-3i), divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O custo da cesta de consumo das famílias compostas em sua maioria por pessoas com mais de 60 anos de idade subiu 5,04% em 2007, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR) subiu 4,60%. Em 2006, o índice para a terceira idade tinha subido 2,26%, pouco menos da metade do registrado no ano passado.

Segundo o economista André Braz, da FGV, a inflação para a terceira idade foi determinada pelo comportamento dos alimentos, que responderam por 60% do IPC-3i. ?Tanto no terceiro como no quarto trimestre de 2007, o grupo alimentação teve participação muito importante na inflação do período?, explicou.

Em 2006, os alimentos, segundo a FGV, registraram deflação de 0,32%. ?Por conta de alguns choques de oferta [como quebra de safras] e também pelo encarecimento de algumas commodities [produtos agrícolas e minerais] no mercado internacional, a taxa dos alimentos de 2007 foi bem mais elevada?, destacou.

Para Braz, o peso maior da inflação para a terceira idade ocorreu porque as despesas que mais subiram no ano passado são também as que oneram mais o orçamento das famílias com idosos, caso dos alimentos e dos transportes, que subiram 1,4% no quarto trimestre.

Em relação aos transportes, explica o economista, a alta foi influenciada pelo aumento de 5,73% da tarifa de táxi entre outubro e dezembro para compor o décimo terceiro salário dos taxistas. Os maiores impactos, no entanto, foram identificados no álcool combustível, que aumentou 11,85%, e pela gasolina, que sofreu reajuste médio de 0,91% no período.

Na avaliação de Braz, a expectativa é que alguns produtos que pressionaram a inflação de maneira mais forte no final do ano passado não ofereçam tanta resistência no primeiro trimestre. Ele destaca as carnes bovinas, que subiram muito de preço nos dois últimos meses e agora demonstram possibilidade de queda até fevereiro.

Também no que se refere aos alimentos processados, como derivados do trigo e da soja, a tendência é de repasses menores dos aumentos de preços ocorridos em 2007 para o varejo. ?Isso tudo abre um espaço para o grupo alimentação ter um reajuste menor?, salienta.

Braz salientou, porém, o efeito significativo que os alimentos in natura apresentam e, janeiro, por causa das altas temperaturas e das chuvas, o que deve resultar no encarecimento de legumes e frutas neste mês. No final do trimestre, entretanto, a perspectiva é que o grupo alimentação não tenha o mesmo peso no IPC-3i.

Voltar ao topo