Inflação do Mercosul sofreu pressão do câmbio

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) divulgou ontem pela primeira vez os Índices de Preços ao Consumidor Harmonizados (IPCH) dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e do Chile, com dados referentes à inflação de 2000 a 2004. O estudo mostra que as crises cambiais e as tarifas foram os principais fatores de pressão no comportamento dos preços nos países da região.

A única exceção ao efeito das tarifas aparece na Argentina, onde aluguéis, água, eletricidade e gás tiveram uma variação inferior a dos demais países. ?Câmbio e tarifas são efeitos importantes no período observado, de 2000 a 2004. No caso específico da Argentina, o movimento observado está muito relacionado ao câmbio, nos demais países a dinâmica é explicada pelo câmbio e pelas tarifas?, afirmou a coordenadora de Índice de Preços, Márcia Quintslr.

A pesquisa mostrou que as crises cambiais têm poder de afetar os níveis de preços em parceiros comerciais. No caso da Argentina, após dez anos de estabilidade de preços, o país enfrentou uma crise cambial que teve seu ápice em 2002 e gerou efeitos na taxa de inflação. Houve repercussão no sistema financeiro. Logo em seguida, o Uruguai teve uma crise cambial que repercutiu na taxa de inflação.

No acumulado de 2000 a 2004, o Brasil registrou a segunda maior taxa de inflação, com 53,5%. A liderança na região, no entanto, pertence ao Uruguai, com uma taxa acumulada de 63,2%. No Brasil, comunicações responderam pela maior alta, com 79%, alimentos e bebidas não alco-ólicas (60,5%) ficaram em segundo lugar e transportes em terceiro, com 59,4%.

Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o período pesquisado captou os efeitos do processo de realinhamento de preços após a privatização nestes países. No Paraguai, o acumulado em comunicações chegou a 256,2%.

No ano passado, o Brasil obteve a variação mais alta entre os países pesquisados, com taxa de 7,7%.

O cálculo do IPCH foi feito a partir dos índices de preços de cada país. Foi criada uma cesta de produtos a partir dos índices oficiais que permite comparações em razão da adoção de um sistema de classificação comum. Alguns serviços, no entanto, não puderam ser incluídos por razões metodológicas, como serviços médicos, jogos de azar, seguros em geral e serviços de intermediação financeira.

Segundo o presidente do IBGE, o projeto é o primeiro passo para a integração estatística do Mercosul. Os institutos destes países passarão a publicar os dados de forma trimestral. O IPCH foi divulgado ontem na Argentina, no Uruguai, Paraguai, Brasil e Chile.

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