Inflação de serviços já é afetada pela economia mais fraca, diz RC Consultores

Os efeitos da atividade mais fraca começam a dar os primeiros sinais sobre a inflação de serviços, disse o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, ao avaliar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março. Segundo ele, o grupo serviços vem registrando taxas elevadas há algum tempo, mas agora há a perda de dinamismo da economia dá sinais de reflexos sobre o poder de compra das famílias. “A resposta tende a ser uma diminuição da procura por esses serviços”, analisou.

O economista lembrou que o grupo serviços chegou a bater 9,19% em junho do ano passado e passou a se estabilizar na faixa de 8,00%. A tendência, disse, é de que a taxa rume para a marca de 7,00% este ano, diante do enfraquecimento econômico. Já o IPCA fechado de 2015 deve ficar perto de 7,70%, disse. “Serviços tiveram alta de 8,74% em janeiro, passou para 8,55% e agora ficou em 8,00%. Já chegou a bater 9,19% em junho 2014 e vem se estabilizando, começando a ir para a casa dos 7%”, afirmou.

“Tem de tomar cuidado ao estimar que a inflação irá avançar muito mais que isso. Embora ainda tenha uma distribuição forte de benefícios, o enfraquecimento do mercado de trabalho deve ajudar no arrefecimento de serviços. A economia não está conseguindo mais suportar isso (taxas elevadas)”, avaliou o economista da RC.

Segundo Caparoz, sem dúvida, a alta do indicador de difusão para acima de 70% no IPCA de março é preocupante, mas no fundo a alta é explicada pelos reajustes em energia elétrica. “Houve disseminação da elevação dos preços, mas houve impacto forte de energia. Se o item ficasse zerado, o IPCA seria de 0,62% e não de 1,32%”, disse.

A expectativa do economista é de que o IPCA de abril desacelere para quase 0,70%, pois considera que os impactos da alta de energia elétrica atingiram o pico no terceiro mês do ano. “Pode ainda ter algum resquício”, estimou. Segundo ele, o grupo Alimentação e Bebidas e os efeitos do câmbio também poderão incomodar o IPCA do quarto mês do ano. No entanto, acredita que a taxa acumulada em 12 meses irá acelerar, após ficar em 8,13% no acumulado em 12 meses terminados em março. “Se a taxa mensal ficar acima de 0,67%, 0,70%, o acumulado em 12 meses irá avançar mais um pouco”, previu.

A despeito da pressão da inflação neste momento, Caparoz espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) diminua o ritmo de alta da taxa Selic de 0,50 ponto porcentual para 0,25 ponto já na reunião deste mês, com os juros fechando o ano em 13,25%. “Os nossos juros são os maiores do mundo. A nossa inflação está avançando mais por causa dos administrados, do tarifaço. A tendência é que os livres desacelerem, ainda que continuem perto do teto (de 6,50% para o IPCA)”, analisou.

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