Indústria teve a maior produção do real

A produção industrial brasileira retraiu-se em novembro ante outubro, mas registrou uma expansão muito acima da esperada em relação a novembro do ano anterior e deve fechar 2004 com maior crescimento desde o lançamento do real, afirmou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem. Analistas disseram que os dados mostram uma indústria ainda forte e que a queda em novembro não evitará uma nova alta de juros em janeiro.

Em novembro, a produção industrial teve queda de 0,4%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em outubro, houve crescimento zero (dado revisado, anteriormente o IBGE havia apontado baixa de 0,4%) e, em setembro, queda de 0,2%. Antes, durante o semestre março-agosto, a indústria havia crescido ininterruptamente.

Sobre novembro de 2003, a produção avançou 8,1% – acima da previsão média de 4,9% – no 15.º mês de avanço na comparação anual, a melhor seqüência de taxas positivas desde junho de 2001. No ano, a produção até novembro já acumula crescimento de 8,3%.

Silvio Sales, técnico do IBGE, previu que em 2004 como um todo o resultado da indústria será o melhor desde 1994 (ano do lançamento do Plano Real, quando cresceu 7,6%) e, provavelmente, o melhor desde 1986, quando a moeda era outra e a indústria avançou 10,9%. "A taxa (de 2004) deve ser a maior do real. Por pior que seja o resultado de dezembro, dificilmente o acumulado do ano será inferior a 7,6%", afirmou ele.

Os dados não mudaram as perspectivas do mercado sobre nova alta de juros neste mês e provavelmente novamente em fevereiro.

Bens duráveis

O IBGE acrescentou que a produção de bens de capital subiu 0,2% contra outubro, enquanto a de bens de consumo duráveis cresceu 0,2% e a de bens semiduráveis e não-duráveis expandiu-se em 0,5%.

Apenas a produção de bens intermediários declinou sobre outubro, em 1,1%. Os bens intermediários têm peso de cerca de 56% no índice geral, segundo o IBGE.

Sales afirmou que o desempenho dos bens não-duráveis vem melhorando e evitou uma queda maior da atividade geral. "Estamos com sinais de um padrão novo na indústria, com os bens não-duráveis puxando o ritmo. O estímulo ao crédito no primeiro semestre (de 2004) estimulou a indústria, o mercado de trabalho e isso acaba rebatendo nos não-duráveis, que são mais sensíveis ao rendimento", afirmou ele.

"A participação do mercado interno na indústria se acentuou do terceiro para o quarto trimestre."

Em relação a novembro de 2003, a atividade de bens de capital subiu 4,4%, a de bens de consumo duráveis cresceu 19,9%, de bens intermediários elevou-se 8,3% e a de bens semiduráveis e não-duráveis avançou 6,6%.

Sobre outubro, houve queda da atividade em 16 dos 23 setores, com destaque para farmacêutico (7,5%), metalurgia básica (3,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,5%) e produtos de metal (3,0%).

Ante novembro de 2003, a produção cresceu em 23 dos 27 setores. A atividade em veículos automotores aumentou 27,3%, o maior impacto positivo, e a de alimentos, em 11,2%.

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