Indústria perde o medo da crise e pisa no acelerador

A produção industrial paranaense avançou 31,3% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado, e atingiu o melhor resultado desde agosto de 1993, quando o índice foi de 35,2%. Foi o que identificou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua última pesquisa sobre o tema, divulgada ontem. Na comparação com abril, a indústria do Estado recuperou a perda de 15% do mês anterior, e fechou com um índice de 17,7%.

Os números da indústria do Paraná em maio, tanto na comparação com abril, como em relação ao mesmo mês do ano passado, são os melhores entre os 14 estados e regiões pesquisados pelo IBGE, e também superam as médias nacionais. No País, houve estabilidade de abril para maio, e avanço de 14,8% ante o quinto mês de 2009. A taxa acumulada nos últimos 12 meses é de 5,6% no Estado e 4,5% na média nacional. No ano, a indústria paranaense apresenta crescimento acumulado de 15,6%, menos que os 17,3% observados no País.

Para o pesquisador Fernando de Lima, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), os números de maio são motivo de comemoração. Isso porque, segundo ele, a produção do Estado vem em recuperação contínua pelo menos desde outubro do ano passado. Os índices, obtidos na comparação com meses iguais do ano passado, também vêm sendo positivos durante todo este ano. Outro ponto importante observado em maio foi o desempenho dos setores. “Dessa vez não foi um só setor que puxou a alta”, afirma Lima.

A pesquisa do IBGE confirma a afirmação. Os dados mostram que 13 das 14 atividades pesquisadas aumentaram a produção, na comparação com maio do ano passado. A contribuição mais relevante foi do setor de edição e impressão, que cresceu 106,2% e praticamente conseguiu estabilizar o índice acumulado no ano, que ficou em -1,3%. Maiores encomendas de livros e materiais didáticos explicam o forte avanço.

Outros setores que cresceram bastante em maio foram os de veículos automotores (55,5%), puxado pela produção de caminhões e caminhões-trator, e máquinas e equipamentos (52,5%). O primeiro apresenta um índice acumulado de 61,6% no ano. O segundo, que funciona como um bom indicador das expectativas da indústria em relação ao mercado já cresceu 43,2% em 2010. Em maio, o setor produziu mais máquinas principalmente para os setores de celulose e têxtil, para colheita e refrigeradores para uso doméstico e industrial.

O IBGE ainda destaca os desempenhos de dois outros segmentos, em maio: celulose e papel (30,9%) e bebidas (50,4%). De acordo com Lima, a forte alta na produção de bebidas – chope e cerveja, principalmente – pode ser explicada, entre outros motivos, pela proximidade da Copa do Mundo. Já o setor de papel e celulose, que é apontado pelo pesquisador como outro bom indicador da performance geral da indústria, teve grande influência da fabricação de papel jornal e embalagens de papel e papelão.

O único setor com índice negativo, em maio, foi o de refino de petróleo e produção de álcool, que caiu 2%. Segundo o IBGE, o segmento foi pressionado, em grande parte, pela menor produção de óleo diesel, gás liquefeito de petróleo (GLP) e álcool.