Indústria começou o ano com pé no freio

A Sondagem da Indústria de Transformação, divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), revela que a indústria iniciou o ano com ritmo lento de atividade. De acordo com a pesquisa, as avaliações dos empresários sobre o cenário atual mostram um quadro de demanda fraca e insatisfação com a situação dos negócios. O nível de demanda foi avaliado como forte por 8% dos entrevistados e como fraco por 23% das empresas. A diferença entre as avaliações otimistas e pessimistas representa o pior resultado para este quesito em janeiro desde 1999.

A demanda insuficiente foi apontada como o principal entrave à expansão dos negócios por 28% dos empresários, o que representa o maior percentual desde outubro de 2003.

Com a procura menor, o nível de utilização da capacidade instalada recuou 0,3 ponto percentual na comparação com janeiro de 2005 e ficou em 83,5%. Na série com ajuste sazonal, o nível de utilização chegou a 84,5% em janeiro, um resultado levemente superior ao de outubro.

A situação atual dos negócios é avaliada como boa por 16% dos entrevistados e como fraca, na avaliação de 20% dos empresários. A diferença entre os extremos de resposta mostra uma piora em relação à última edição da pesquisa, em outubro, e é inferior à média histórica de janeiro.

Estoques

O principal aspecto positivo da pesquisa é a sinalização de que os estoques já estão próximos da normalidade. O acúmulo de estoques foi apontado como um dos fatores responsáveis pela retração da economia de 1,2% no terceiro trimestre. A proporção de empresas que afirmam ter estoques excessivos recuou de 12% para 9% do total. O percentual das que consideram ter estoques insuficientes manteve-se em 2% do total.

As projeções para o primeiro trimestre do ano apontam a perspectiva de recuperação da demanda e da produção, mas sem repercussões no mercado de trabalho. Do total de entrevistados, 16% planejam aumentar o contingente de mão-de-obra, mas 27% pretendem cortar vagas. A diferença entre os que planejam contratar e demitir representa o pior resultado desde janeiro de 2000.

Na comparação com o trimestre anterior, 26% prevêem aumento da demanda (interna e externa) por seus produtos e 28% apostam na redução da demanda. As projeções para a produção seguem a tendência da demanda: no trimestre janeiro-março, 31% das empresas pretendem aumentar a produção e 33% planejam reduzi-la.

Para 28% dos entrevistados, há perspectiva de aumento de preços no trimestre e 11% pretendem reduzir preços. Do total de entrevistados, 50% prevêem melhora na situação dos negócios e 9% piora. A diferença entre otimistas e pessimistas representa o pior resultado para esta época do ano desde janeiro de 2003.

A sondagem da FGV é um levantamento estatístico realizado trimestralmente desde 1966. Para esta edição, foram ouvidas 914 empresas entre 29 de dezembro e 27 de janeiro.

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