Indústria bateu recorde em emprego e vendas

indus120205.jpg

Empregos cresceram 3,49%
no ano passado.

A indústria teve em 2004 um crescimento recorde nos principais indicadores do setor. Mas a CNI (Confederação Nacional da Indústria) já registra sinais de desaceleração nos últimos meses do ano. No ano passado, as vendas reais cresceram 14,29% e as horas trabalhadas – que indicam aumento da produção – aumentaram 6,21%, segundo a CNI.

Esses dois resultados são os melhores desde o início da série histórica da pesquisa (1992). No entanto, em dezembro, as vendas reais cresceram apenas 0,14% – já descontados os efeitos sazonais do período. As horas trabalhadas tiveram aumento de 1,71% no mesmo período. "O resultado de 2004 foi bom, mas os resultados do final do ano já mostram sinais de arrefecimento", disse o economista da CNI Renato da Fonseca.

Outro indicador importante é a utilização da capacidade instalada, que em dezembro subiu 0,2 ponto percentual, para 83,1%. No ano, o indicador se manteve em torno de 83% – o nível mais alto da série histórica. Já o índice de pessoal empregado cresceu 3,49% em 2004, o maior registrado até hoje pela CNI. Em dezembro, entretanto, o aumento foi de apenas 0,34%.

"A gente espera que a indústria volte a crescer em 2005, mas menos que em 2004", disse Fonseca.

Ele disse que espera um crescimento menor porque a base de comparação para este ano será melhor. Além disso, os cinco aumentos decididos para a taxa básica de juros da economia brasileira nos últimos cinco meses podem afetar a demanda e reverter a tendência de crescimento.

"Se eu não tiver a recuperação do consumo doméstico, não tenho crescimento contínuo", afirmou.

Anteontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados oficiais sobre a produção da indústria brasileira em 2004: um crescimento de 8,3%, o melhor desempenho desde 1986. Em dezembro, o aumento foi de 0,6%.

Dólar "fraco" já atinge exportadores

A valorização do real frente ao dólar já afeta as exportações brasileiras. Essa é a avaliação do economista Renato da Fonseca, da CNI (Confederação Nacional da Indústria). No ano passado, as vendas reais da indústria cresceram 14,29%, ante uma queda de 0,15% em 2003. Esse é o melhor resultado já registrado pela série histórica da entidade, iniciada em 1992.

Segundo Fonseca, o dólar em uma cotação mais baixa afetou a rentabilidade em reais das exportações das empresas brasileiras. Para ele, isso é indicado pelo menor ritmo de crescimento das vendas reais da indústria brasileira no segundo semestre de 2004 – período em que a cotação do dólar começou a cair.

O maior crescimento mensal, já descontando as variações sazonais, ocorreu em junho, quando as vendas cresceram 4,56%. No mês seguinte, houve uma queda de 4,25%. Em dezembro, o crescimento foi de apenas 0,14%. "Parte dessa queda (no ritmo de crescimento) é perda do valor da parcela da venda que vem das exportações", diz Fonseca.

No entanto, ele explica que não é possível medir com precisão o quanto a valorização do real afeta as exportações, que também são influenciadas pelo aumento da taxa de juros – o aumento dos juros reduzem os investimentos das empresas, as previsões de crescimento da demanda interna.

Segundo a Sondagem Industrial da CNI – que é feita trimestralmente -, 80% das grandes empresas exportam. Entre as pequenas e médias, o índice fica abaixo de 30%. Fonseca ressalta que a sondagem é feita com uma amostragem diferente e tem uma margem de erro maior que a pesquisa de Indicadores Industriais, realizada mensalmente.

Para ele, a questão cambial irá afetar de forma mais efetiva o volume das vendas ao exterior "no longo prazo". Isso ainda não ocorreu porque não é possível entrar e sair do mercado externo a qualquer momento. "Você tem um investimento muito grande para entrar nesse mercado, é preciso conquistá-lo."

Por ser difícil a entrada, que requer investimento, as empresas preferem reduzir a margem de lucro. No entanto, essa valorização do real dificulta a entrada de novos agentes nesse mercado. "Você tirou o incentivo de empresas novas entrarem no mercado exportador", avalia Fonseca.

Apesar do dólar baixo, o economista acredita que o Brasil ainda tem espaço para crescer no mercado externo.

Voltar ao topo